TERÇA-FEIRA SANTA – 22/MARÇO/2016

Isaías 49, 1-6 ; Sal 70,1-2. 3-4a. 5-6ab. 15ab. 17 ; João 13, 21-33. 36-38

“AGORA SE REVELA NO FILHO DO HOMEM, A GLÓRIA DE DEUS… ” ( João 3,21-33) . Subitamente, “Jesus perturbou-se interiormente”, escreve João no versículo 21. Ele está ferido nos Seus sentimentos mais íntimos : Judas vai traí-lO. Aquele que Ele tinha escolhido, com o qual tinha vivido o Seu ministério itinerante, concedendo-lhe a mesma confiança que aos Seus amigos, vai dar-lhE a morte. Jesus que sempre estivera disposto a ir à procura da ovelha perdida, porque não se teria dado conta mais cedo do abismo tenebroso em que caíra aquele que elegera? Esta ferida que O magoa não será a última porque até Pedro, no qual colocou a Sua esperança de futuro, O negará. É necessário que Jesus beba o cálice até às borras. É com este o preço que se manifesta ao mundo a força do amor que faz superar o que é humanamente impossível. “ Eu estou disposto a dar a vida por Ti”, diz Pedro a Jesus. Quantas vezes teria Jesus escutado estes entusiasmos de fidelidade, sem actos que depois os confirmassem? O discípulo fez a experiência da contradição subjectiva – inevitável! – dos seus anseios face aos desafios da existência. Pedro negou Jesus antes da crucifixão mas quando o galo cantou chorou arrependido e a sua esperança renasceu. Judas também negou Jesus, mas ficou preso na armadilha dum regresso que julgou impossível: permaneceu na noite profunda que viu à saída da Ceia. A Páscoa convida-nos – também a nós – a descobrirmos quais são os obstáculos que travam o nosso primitivo entusiasmo de adesão a Cristo : luz, caminho, verdade e vida.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.