Isaías 42, 1-7; Sal 26, 1-3. 13-14 ; João 12, 1-11
“A MIM, NÃO ME TEREIS SEMPRE… ” ( Jo. 12,1-11). Algo inaudito sucedera: a ressurreição de Lázaro. Os inimigos de Jesus agitam-se, conspiram. Dentro de alguns dias será a Páscoa; para Jesus é a hora anunciada e aguardada. Perante a gravidade desta hora, Ele vai procurar de novo o apoio dos Seus amigos de Betânia, come, e até deixa que Maria lhE banhe os pés com um precioso per fume. Com a aproximação dramática dos acontecimentos capitais da Paixão isto pode parecer irrisório. Ora, é extraordinário – ou, ousemos dizê-lo, é “divino” – : neste homem Jesus, que não levanta o tom de voz, é toda a ternura de Deus que se manifesta. Ele aceita o dom generoso, sinal do grande amor desta mulher. Até ao fim Ele estará junto dos pequenos, dos fracos, e por isso é O Servo. À aclamação das multidões do domingo de Ramos, sucede pois o gesto de Maria, derramando perfume nos pés de Jesus, expressão da ternura e do reconhecimento, do serviço e da adoração. Ímpeto de amor do coração de uma mulher que ultrapassa todos os olhares e conveniências porque se sabe salva. Não diz nada, mas age. Jesus acolheu feliz esta manifestação de amor. No início da semana em que o silêncio vai cobrir a terra, em que ficaremos sem voz perante a vida que Cristo dá, procuremos, num gesto espontâneo de reconhecimento, manter-nos próximos d’Ele.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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