QUARTA-FEIRA SANTA – 23/MARÇO/2016

a_AUltimaCeiaBTO. ÁLVARO DEL PORTILLO (1914-94). Bispo espanhol, primeiro sucessor de S. Josemaria à cabeça do “Opus Dei”. Beatificado em Madrid, em 2004.

Is. 50, 4-9a ; Sal 68, 8-10. 21bcd-22. 31. 33-34 ; Mat. 26,14-25

Jesus foi “entregue”. Esta palavra tem diferentes significados e a sua raíz grega corresponde ao nosso verbo “dar”. Jesus é entregue pelO Pai, vem d’Ele e é dado ao mundo. Da mesma maneira Jesus foi entregue por um homem, Judas, que O vendeu aos sumo-sacerdotes pelo preço de um escravo. Finalmente, Jesus entregou-Se a Si mesmo : “A Minha vida, ninguém a toma, sou Eu que a dou…” Este acto de Jesus está representado na Última Ceia da Páscoa : a Eucaristia. É com efeito neste espaço de revelação que O Pai oferece ao mundo O Seu próprio Filho em alimento, para que todos possam partilhar a Sua vida eterna. Mas é também aí que o pecador (como Judas) pode assumir a sua quota parte de rejeição e de desprezo dO Justo. Ao fazê-lo experimentará as piores dores causadas pelo afastamento de Deus : aliás, esse pecador, esse Judas, somos todos nós, carregados com uma parte daquela negação que irá afundar-lo, e pode afundar-nos, na morte eterna. É livremente que O Justo – o Inocente perfeito – se entrega a Si próprio – se oferece a Si mesmo! – para abrir as portas dO Reino de Deus a todos os homens pecadores. Desde que estes – por sua vez, também livremente – aceitem tudo entregar.

“O MEU TEMPO ESTÁ PRÓXlMO… ” ( Mat. 26,14-25) . Chegou o tempo da Páscoa e Jesus celebra-a com o rito judaico. Mas ao prepará-la com cuidado, Ele sabe que Se encaminha para outra Páscoa. Então, apesar de saber que os Seus O traem ou já se preparam para O abandonar, Jesus partilha esta última refeição com os díscipulos. Mas estes ressentem a tensão que exprimem por estas palavras: “Serei eu, Senhor ?”. Até ao fim, Jesus manifesta uma imensa misericórdia, porque Ele não condena Judas; pelo contrário, fá-lo confessar o seu desígnio. Quando Judas pergunta: “Serei eu ?”, Jesus responde-lhe: “És tu que o dizes”. Para Jesus, a confissão podia ser a porta do perdão, mas a noite já obscurecera o coração de Judas.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.