SANTOS INOCENTES. A festa dos Santos Inocentes, memória dos bébés de Belém e arredores com menos de dois anos de idade, mortas por ordem de Herodes após o nascimento de Jesus, confronta-nos com o mistério do sofrimento das crianças. Uma boa ocasião para orar pelas jovens vítimas da injustiça, da miséria, da guerras, das doenças, das catástrofes naturais, e dos sofrimentos causados pelos adultos predadores… Em todas elas, Cristo está presente, sofre e acompanha-nos. E, apesar da certeza da fé não suprimir o lancinante problema do mal, esta todavia deve orientar o nosso olhar para Jesus – O Inocente por excelência – procurando ver n’Êle uma “abertura” que nos leve a comprometer mais nas situações onde devemos fazê-lo.
1 João 1,5-2,2; Sal 123,2-5.7b-8; Mateus 2,13-18
UM DEFENSOR (1 Jo.1,5-2,2). A 1ª epístola de João convida-nos a reconhecer os pecados e a abrir-nos ao perdão de Deus e à Sua purificação. Nela, diz-nos João, se pecarmos teremos “um defensor diante dO Pai, Jesus Cristo, O Justo”. O defensor – “paraklêtos”, termo que em grego designa alguém que, no decurso dum processo, sustenta um facto – é, para os cristãos, Jesus, no papel de intercessor, de advogado. Ele é, à direita dO Pai, O defensor dos discípulos num mundo que não os acolhe, como não O acolheu a Si.
DO PRESÉPIO À CRUZ (Mateus 2,13-18). O presépio e a sua atmosfera de ternura está presente nas nossas casas. Ora o evangelho confronta-nos com a dureza de um mundo violento e sem lei, que procura matar O Menino-Deus, salvo pela intervenção de José que o subtrai ao delírio assassino de Herodes. Roguemos ao “pai” da Sagrada Família, dizendo : “São José, intercedei pelos jovens e famílias de Portugal e do mundo e alcança-nos as virtudes da fortaleza, da diligência, da castidade de vida, e as graças de uma vocação criativa, de desprendimento de vida e de unidade interior…” Do presépio à Cruz é um pequeno passo que temos dificuldade em aceitar. Mas, perto da Cruz, a Ressurreição surge já no horizonte. Desde o berço, Cristo deu-Se aos homens, vulnerável. O mal que tantos estragos causa à Sua volta não O impede de abrir os braços e, com com um sorriso, sugerir as palavras : “Vinde a Mim. Dai-Me as vossas lágrimas, as vossas cruzes… Vós encontrareis repouso. Vêde longe, para além da Cruz. O amor há-de ter a última palavra”.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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