DOMINGO DA “SAGRADA FAMÍLIA” – 27/DEZEMBRO/2015

a_JesusEntreOsDoutoresCONFIANTES EM DEUS. Eles são ameaçados, estão nos caminhos, têm medo, fogem para um país estrangeiro. Quem são estes homens, mulheres e crianças, que deixaram os seus países a fugirem da guerra, procurando refúgio longe da sua terra ? Partiram durante a noite, para salvar as mulheres e crianças do perigo da morte. Voltemo-nos para o ano que termina e para o êxodo dos nossos irmãos iraquianos e sírios. Lemos nos seus olhos o desespero dos refugiados que não sabem quantos dias, meses, anos, durará o seu exílio. Teria José perdido a confiança nos dias de exílio? Teria ele sentido o desencorajamento? Não o sabemos, só podemos imaginar. Mas o que relata a Escritura, é que Maria e Jesus se apoiavam em José e que juntos enfrentaram as dificuldades vividas em terra estranha, com o casal, unido na confiança de que Deus estava com eles, a cuidar dO Menino. Diriamos hoje que eles sairam mais fortalecidos da provação e reforçados no seu amor. Sem dúvida a família que os 3 constituiam bebia na “ternura e na bondade, na humildade, a na mansidão e na paciência” para viverem em paz e em acção de graças. Celebrar a Sagrada Família, em especial neste fim de ano sinodal sobre a família e à luz do Jubileu da misericórdia que se inicia, é orar para que todas as famílas em sofrimento sejam possuídas pela confiança de que Deus não as abandona nos caminhos sinuosos da vida. Deus não desiste de chamar as famílias destroçadas para as guiar no amor e na esperança.

1 Samuel 20-22.24-28; Sal 83,2-3.5-6.9-10 ; 1 João 3,1-2.21-24 ; Lucas 2,41-52

CONFIANTES EM DEUS (Lucas 2,41-42). Jesus tem 12 anos e atingiu maioridade religiosa. O enquadramento do relato é a peregrinação anual a Jerusalém para a celebração da maior festa religiosa judaica: a Páscoa. O relato utiliza dois registos diferentes em simultâneo. O primeiro narra a atitude inexplicável dum jovem em fuga. Com o regresso a casa e a submissão da criança tudo volta ao normal. O segundo registo faz ressoar outra história, bem mais complexa, graças a palavras e frases que têm, ou podem receber, uma coloração religiosa: “festa da Páscoa”, “procurar”, “três dias”, “doutores da Lei”, “Templo”, “casa de Meu Pai”, “acontecimentos”. Escritos no tempo dos primeiros cristãos, os evangelhos brilham com a fé em Cristo ressuscitado, que ilumina cada linha. O relato do“encontro de Jesus no Templo”, no evangelho de Lucas(2,41-52), está todo embebido da fé cristã. O jovem Jesus de que fala é para os cristãos irmão da sua família e pertencente também à família de Deus. Ele pode portanto dizer no Templo – sinal entre nós da presença de Deus – que está em Sua casa, que Deus é O Seu Pai. Os cristãos são chamados a “procurá-lO” e a celebrar Sua Ressurreição, nesse “terceiro dia”. E porque Jesus vem de Deus, Ele não é só perito na lei divina, Ele é a própria palavra de Deus. Maria, como qualquer cristão, guarda estes “acontecimentos” no coração até à Páscoa de Seu Filho, até à passagem deste mundo para o mundo de Deus. A aventura da Sagrada Família é a aventura das famílias de todos os povos. Jesus, pela Sua Páscoa e por ser O Filho, abriu-nos O Templo dO Pai.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.