STA. TERESA DE JESUS (1515-82). Igreja em geral e a família carmelita em particular comemoraram, em 28 de Março deste ano, o 500º aniversário do nascimento desta mística que fez passar pela vida interior todas as paixões da sua vida, numa profunda intimidade com O Senhor e experimentando também igualmente a aridez espiritual da “noite dos sentidos”. Aos 40 anos, graças ao que ela descreveu na sua obra como experiências místicas, encontrou grande estabilidade espiritual, apesar da má saúde física, sem dúvida devido às difíceis condições de vida dos mosteiros da época. Sob a direcção de Francisco de Bórgia e Pedro d’Alcântara e depois de João da Cruz, Teresa iniciou a fundação, por toda a Espanha, de pequenas comunidades de carmelitas descalças que possibilitavam às monjas ter uma vida de oração intensa. Foi o princípio da reforma do Carmelo, que paulatinamente iria atingir também o ramo masculino. Tendo alcançado um verdadeiro conhecimento de si mesma e da presença de Deus na sua alma, STA. Teresa deixou à posteridade – instigada pelo seu pai espiritual, S.João da Cruz – preciosos livros sobre a a oração e a vida interior, tais como : “Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição”, “Moradas ou Castelo Interior”, “Livro das Fundações”, “Poesias”, “Exclamações”, e mais de “quinhentas cartas”, que levaram o papa S. Paulo VI a outorgar-lhe o título de Doutora da Igreja, em 1970.
Romanos 3, 21-30 ; Sal 129,1-6 ; Lucas 11, 47-54
“PELA FÉ EM JESUS CRISTO…” (Rom.3,21-30). Apesar de todos os homens estarem prisioneiros do pecado e da condenação, Paulo solta um grito de vitória: “N’Ele, gratuitamente, tornou-os justos pela Sua graça”. Deus pede-nos para aceitar este dom inaudito na fé que nos salva. Isto religará a salvação ao mérito? Não, o dom de Deus não depende de nós: é inteiramente realizado por Cristo. É necessário traduzir aqui “pela fé de Jesus-Cristo” a expressão grega que permite perfeitamente este sentido. Porque o próprio Filho assumiu a nossa humanidade e levou-a numa confiança total aO Pai até lhE ser perfeitamente concedida. Podemos pois confiar no perdão que Deus nos concede graças à fé de Jesus-Cristo.
“AI DE VÓS DOUTORES DA LEI PORQUE ENTERRASTES A CHAVE DA CIÊNCIA…”(Luc.11,47-54). Se Cristo proclamou as Bem-aventuranças (Luc.6,20-26), também proclamou uma série de “maldições” (Luc.11,39-54), que podemos preferir chamar de “avisos solenes”. Através dos fariseus e doutores da lei que são os visados, Jesus fala de nós, que também escondemos o essencial sob uma prática religiosa obsecada pelo formalismo mais que pelo sentido, pelo parecer mais que pelo ser, pelo julgamento mais que pelo perdão, pelas falsas justificações mais que pela justiça, pela confiscação mais que pelo dom. Cuidado ! Mesmo os mais nobres valores podem ser enterrados e virados do avesso por hipocrisia ou orgulho, camuflados em surdina.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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