QUARTA-FEIRA – 7/OUTUBRO/2015

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO: Na festa do Rosário, a liturgia faz-nos voltar ao Evangelho da Anunciação. Conhecemo-lo bem, até talvez de cor. Não tenhamos dúvidas que continua a ter tudo para nos dizer. Vamos pois até junto de Maria : no silêncio em que ela se encontra; na espera dO Messias que, com todo O Seu povo, traz em si, certamente com um fortíssimo desejo orante. E se Maria, neste momento, inflamasse os nossos corações com o seu desejo dO Reino de Deus? E se nós lhe confiássemos esta ou aquela pessoa que ainda não descobriu a Deus? Será que não temos a ousadia de acreditar que uma conversão é possível? Em especial dos que nos são mais próximos e que – como os nossos filhos, netos ou parentes – necessitam da nossa especial oração.

Actos 1, 12-14 ; Lucas 1, 46-55 ; Lucas 1, 26-38

“COM UM SÓ CORAÇÃO…” (Actos 1,12-14). A expressão qualifica o grupo de Apóstolos fechados numa sala num piso alto com algmas mulheres e Maria. Eles não se atrevem a sair. “Todos com um mesmo coração”, são assíduos à oração. Esta expressão será retomada diversas vezes para descrever a pequena lgreja cristã nascida do sopro dO Espírito e que não cessa de se alargar àqueles que se reuniam para orar (Act.2,46; Act.4,24; Act.5,12). Poderia traduzir-se : “no desejo ardente que os reunia”. O coração designa mais uma vontade profunda do que um sentimento. A Igreja é o grupo daqueles que querem intensamente reunir-se para confessar a mesma fé, orar aO mesmo Pai e testemunhar o amor recebido e trocado para o oferecerem a todos.

“ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTlGO.”(Luc.1,26-38). Sejamos capazes, hoje de entoar a saudação do anjo a Maria. Uma saudação retomada milhares de vezes pelos crentes que vêm procurar refúgio junto da Senhora aparecida em Fátima. Desde esse dia bendito em que O verbo de Deus Se fez carne no teu seio, todas as gerações te chamam bem-aventurada. Com a multidão dos peregrinos reunida nos santuários marianos de todo o mundo, queremos cantar a alegria de te termos por mãe, repetindo, com o irmão Cristóvão, monge de Tibhirine, em peregrinação a Lourdes: “Venho aqui dizer, “Maria, eu amo-te”. Que incrível surpresa de Deus foi este anúncio a Maria ! Não devemos temer as surpresas de Deus e esta abre-se a uma promessa de tempos novos. Maria guardou toda a vida no seu coração este encontro simultâneamente inesperado e preparado no segredo. Este anúncio a Maria, nossa mãe, torna-nos maiores do que julgamos. É que O Senhor também vem ao nosso encontro e quer fazer a Sua morada em cada um de nós. Cristo vem esconder-Se na nossa natureza humana. Ele vem não com a glória dO Pai, mas na humildade da Sua mãe. A Anunciação é o rebaixamento de Deus que Se atreve a tomar o último lugar para nos ressuscitar. Para nos restituir o que tínhamos perdido… O anjo repete-nos hoje: “Nada é impossível a Deus!”

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.