XV DOMINGO DO TEMPO COMUM – 12/JULHO/2015

A_BeatosZeliaELuisMartinBEATOS LOUlS e ZÉLIE MARTIN (séc.XIX). Os pais de Santa Teresa do Menino Jesus foram beatificados juntos em Lisieux, em 2008. Eles santificaram-se “através de e pelo seu matrimónio”, declarou na altura o cardeal António Saraiva Martins.

S. JOÃO GUALBERTO (995-1073). Cavaleiro muito jovem, preparava-se para matar o assassino do seu irmão quando este, de joelhos e com os braços abertos, lhe pediu perdão. A sombra projectada era uma cruz. João Gualberto caiu em si e respondeu: “Perdoo-te pelo sangue que Cristo hoje derramou na Cruz”. Era uma sexta-feira. A paz que lhe invadiu a alma fê-lo tornar-se beneditino, cuja regra reformou introduzindo-lhe mais estudo, leitura e meditação, reforçando-lhe o trabalho manual.

Amós 7, 12-15; Sal 84, 9-14; Efésios 1, 3-14; Marcos 6, 7-13

“O SENHOR AGARROU-ME…”(Amós 7,12-15). O profeta Amós recebeu a sua vocação no ano 760 a.C., cerca de 170 anos antes de Ezequiel, ainda que as semelhanças entre os dois sejam evidentes : a mesma missão junto de um Povo sempre infiel, e, sobretudo, o mesmo Deus que nunca O abandona. Mas os perfis dos 2 profetas são bem diferentes. Ezequiel era sacerdote em Jerusalém e foi aí – antes de ir nas colunas de deportação para a Babilónia – que ele iniciou o seu apostolado. Amós era leigo, vivia no campo numa aldeia próxima de Belém chamada Técua e nunca imaginara sequer a sua missão : “Eu não era profeta nem filho de profeta; era pastor e cultivava frutos de sicómoros. Mas O Senhor pegou em mim, quando eu andava atrás do rebanho…” A consciência de ser alcançados por Deus, de ter sido “agarrados” e atirados num futuro incerto, é comum a inúmeros profetas e apóstolos ao longo dos tempos. Paulo escreveu: “Fui alcançado por Cristo-Jesus”(Fp.3,12).

ANUNClEMOS A MlSERlCÓRDlA DE DEUS (Marc.6,7-13). Naquele tempo, Jesus chamou os Doze… Ele enviou-os em missão e deu–lhes conselhos muito concretos. Hoje, o papa Francisco reformula a missão da Igreja, apelando à redescoberta da misericórdia como um sentimento amoroso. Na “misericórdia” há amor, falta, socorro, gratuitidade, ternura. A misericórdia não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta. Deus é misericordioso. Então, como anunciá-la? Vivendo como discípulos de Jesus, ou seja, dando de comer aos famintos e de beber aos que têm sede, acolhendo os estrangeiros, cuidando dos doentes, respeitando as pessoas no final da vida e os defuntos. Ainda, muito concretamente, trata-se de aconselhar bem os que duvidam, ensinar os ignorantes, esclarecer as consciências, consolar os aflitos, aprender a perdoar, renunciar à violência, mostrar-nos acolhedores e pacientes, confiar a Deus toda a Criação. Será que este “catálogo” nos parece fora de moda? Em qualquer caso, a missão urge-nos. Reflitamos para não fazer da misericórdia uma mera idéia cheia de bons sentimentos, arriscando-nos a ser inoperantes. O papa Francisco dá-nos um Ano Santo para que o nosso testemunho seja mais forte e eficaz. Somos convidados a arregaçar as mangas sem esquecer as palavras de Paulo: “Quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria”.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.