QUINTA-FEIRA – 25/JUNHO/2015

A_SaoGuilhermeDeVercelliS. GUILHERME DE VERCELLI (1085-1142). Nascido em Itália, ficou orfão e com 15 anos peregrinou, a pé e descalço, a Santiago de Compostela. Regressado a Itália vendeu os bens e retitou-se como eremita para um monte que se passou a chamar Monte-Vérgine por nele se ter construido uma igreja dedicada à Virgem. Ali afuiam muitos sacerdotes e assim nasceu a “Congregação dos Eremitas do Monte-Vérgine”.

Génesis 16, 1-12. 15-16 ; Sal 105, 1-5 ; Mateus 7, 21-29

“TALVEZ, POR ELA, EU CONSIGA TER FILHOS…” (Gén.16,1-12.15-16). Era juridicamente admissível em alguns países do Oriente antigo que a mulher estéril pudesse propor ao marido uma serva, mãe de substituição, para lhe assegurar uma descendência. Barriga de aluguer? É preciso não nos precipitarmos a confundir os séculos… De qualquer forma, é certo que Sara encontrou a forma de forçar a promessa de Deus que tardava em realizar-se. Será que devemos admirar a fé intrépida de Sara, por uma experiência tão custosa para ela, ou pelo contrário, condená-la pela falta de confiança ao tentar substituir -se a Deus? Não sabemos, mas a realidade posterior da inveja de Sara recorda-nos que as coisas não são tão simples e que só Deus é O Senhor do destino dos seres humanos e dos povos. Por duas vezes Agar se encontra no deserto numa situaçâo crítica. Aqui, em que ela grávida, foge da sua senhora, e no cap.21 do Génesis, em que é expulsa por Abraão com o seu filho Ismael. Ou seja , o ódio de Sarai (Sara) por ver a promessa de Deus realizar-se revelou-se, ao mesmo tempo, fonte de complicações e de benção, porque Ismael dará também origem a um grande povo. Que reter destes textos? Que Deus Se ajusta às nossas iniciativas e que tem bastante amor e liberalidade para
poder dispensá-las a todos: a Isaac, o filho da promessa, bem como a Ismael, sem esquecer os seus respectivos descendentes.

“NÃO FOI EM TEU NOME QUE PROFETIZÁMOS…?” (Mat.7,21-29). Imaginar que Jesus possa um dia dizer – me na cara: “Eu não te conheço”, gela- me o sangue. Mas, Senhor, não foi em Teu Nome que troquei tantas coisas pela minha vocação (família, trabalho profissional, vida consagrada…), para me tornar cada vez mais disponível aos outros (esposa, marido, filhos, alunos, colegas, membros da minha comunidade…)? Não foi também em Teu Nome que eu, a quem me pedia contas, testemunhei a fé que me deste? Sim, mas “ainda que tenha uma fé capaz de mover montanhas, diz -nos S.Paulo, senão tiver caridade, nada sou”. Se nos deixarmos tocar verdadeiramente por estas palavras elas hão-de estilhaçar os nossos corações de pedra. Só temos uma solução: mergulhar na misericórdia de Deus até ao fundo de nós-mesmos. A fundação em rocha da parábola, é a rija pedra do Amor, garantia da solidez da casa, de outra ordem bem diferente da dura pedra do egoísmo dos nossos corações.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.