Actos 4, 13-21; Sal 117, 1.14-21; Marcos 16, 9-15
“NÓS NÃO PODEMOS CALAR…”(Act. 4,13-21). A maior desgraça que pode suceder a um homem é ele querer aprisionar a verdade, pois será uma tentativa inevitavelmente votada ao fracasso já que a verdade acabará sempre por “sair do buraco”. Isto que é válido no domínio natural, é-o mais se a verdade for a Palavra de Deus. Podem pôr-se grilhetas nos homens mas não é possível amarrar O Espírito Santo. Os homens aprisionam-se, mas a mensagem passa através dos muros do cárcere, como o comprovam as cartas de Paulo escritas em cativeiro. Nelas vê-se como o anúncio do Evangelho é fonte de coragem, de paz profunda, de libertação. Tudo isto contrasta com a confusão dos adversários que tomam medidas ridículas pretendendo calar os apóstolos e, por seu intermédio, O Espírito Santo. Aquele que prende a verdade fica prisioneiro dela – quando ela sai para a luz o carcereiro continua no fundo do poço – mas quem a solta libertar-se-á por isso mesmo. Mas há uma forma mais cínica de manter cativa a liberdade, forma que o Evangelho denuncia: não a transmitir por ser muito fraca a convicção que dela temos. De facto, porque será que tantas vezes não se acredita nas testemunhas de Cristo ressuscitado que continuam entre nós? Apenas porque elas não juntam fé viva às palavras? Não!, sobretudo porque não vivem bem o que anunciam e calam o que sabem.
“DEUS E A IGREJA, SÃO UM SÓ…” (Marcos 16,9-15). “Falta de fé”, “dureza de coração”, são críticas mordazes nos lábios de Jesus. O Senhor não culpa os discípulos por não acreditarem n’Ele, mas sim pela sua falta de confiança no testemunho daqueles e daquelas que O tinham “contemplado ressuscitado”. Mais de 2000 anos depois da Páscoa, cada um de nós é colocado contra a parede: é-nos impossível ignorar a longa cadeia de testemunhas que, século após século, foram transmitindo o archote da fé. “Tenho a convicção que Deus e a Igreja são uma unidade”, exclamava Joana d’Arc no decurso do seu processo “e não devemos criar problemas”. O bom senso faz sempre bem!
“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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