II DOMINGO DE PÁSCOA – 12/ABRIL/2015 DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

a_IncredulidadeDeSaoTomeS. JÚLIO I (352). Eleito papa em 337, combateu a heresia ariana que afirmava ser Jesus (O Verbo) O primogénito dO Pai, mas criado do nada e por isso não era Deus. Foram precisos 10 concílios falhados para se chegar ao I Concílio ecuménico de Constantinopla (381) em que todas as igrejas cristãs rejeitaram o arianismo. O papa S.Júlio l foi um dos
precursores ao reabilitar STO. Atanásio (que os arianos tinham expulso 5 vezes de Alexandria), ao defender o mistério da Santíssima Trindade do monoteísmo racionalista a meias.

S. JOSÉ MOSCATI (1880-1927). Homem da ciência, cirurgião afamado, este médico napolitano era extremamente caridoso com os mais necessitados. Segundo S.João Paulo II que o canonizou em 1987, Moscati era a “realização concreta do ideal do leigo cristão”.

Actos 4, 32-35 ; Sal 117, 2-4.16-18. 22-24 ; 1 João 5,1-6 ; João 20,19-31

“UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA…” (Actos 4,32-35). A imagem de unidade que vemos transparecer nas primeiras comunidades cristãs, descritas nos Actos dos Apóstolos, faz-nos sonhar e enche-nos de esperança, ainda que possamos ficar perturbados perante a paz e a partilha existentes entre os irmãos e irmãs que aderiam à fé, e talvez sorrir com a descrição da sua organização. Todavia, se Lucas persiste em evidenciar esta realidade, é porque, para ele, O Espírito dO Ressuscitado estava em acção e nada era o resultado apenas das suas vontades. Para se alcançar “um só coração e uma só alma” e pôr de lado tudo o que possa criar perturbação e divisão, é necessário colocar no centro das nossas relações o perdão e a reconciliação. No domingo em que S.João-Paulo ll instituiu a festa da Divina Misericórdia, recordamos uma realidade que incessantemente impele os homens para o mais íntimo de si. A actualidade do mundo evidencia a triste constatação de conflitos de todos os géneros, geradores de inúmeras vítimas inocentes. Onde está O Amor de Deus pelos homens, perante esta violência cega que parece não ter fim? Se o bem existe, como proclamam os cristãos, que fazer para ele surgir e perdurar? O perigo está em nos comportarmos como os Apóstolos depois da morte de Jesus : em ficarmos amedrontados, com as portas aferrolhadas à espera de dias melhores.

QUEM É O VENCEDOR DO MUNDO? (1 João 5,1-6). A 1ª Epístola de S.João fala do triunfo da fé sobre o mundo, entendendo-se este, no sentido pejorativo, como o “conjunto das forças que levam à negação Deus, reveladO em Jesus-Cristo, e a fechar-nos em nós próprios, tornando-nos fonte e finalidade de tudo, afundando-nos no orgulho e/ou no desespero”. Mas, afinal, o que é a fé? O final do cap.4 ajuda-nos a precisar um seu aspecto fundamental : tem fé “quem ama Deus e ama também o seu irmão”. Neste contexto, a fé terá de ser uma fé que se empenha e caminha a par do amor. Nada tem pois a ver com um vago sentimento de confiança ou com uma confissão dos lábios, esquecida das aplicações práticas. No comentário a esta epístola, STO. Agostinho recorda que os demónios também são capazes de confessar Jesus como “Filho de Deus” (Marcos 1, 24 ; Mateus 8, 29). Assim, o que qualifica a fé autêntica é o seu peso de amor, único critério que nos permite discernir sermos verdadeiramente (re)nascidos nO Espírito.

ACREDITAR SEM VER (Jo.20,19-31). Jesus ressuscitado “envia” os discípulos como Ele próprio fora “enviado pelO Pai”, e partilha com eles o sopro de Deus, dando-lhes o poder de reterem e de retirarem os pecados. Os discípulos reconhecem Jesus como “O Senhor”, sem se questionarem como tinha conseguido entrar num lugar aferrolhado! Uma semana mais tarde, Jesus manifestou-Se novamente. Tomé, ausente da 1ª vez, quer também ver para crer. Vê e acredita: “Meu Senhor e meu Deus !”. Todavia, a bem-aventurança de Jesus dá prioridade a outra atitude: “Acreditar sem ver”. É que “ver” já não é possível. Os discípulos nunca mais verão O Ressuscitado com os olhos da carne. “Crer” é, a partir daí, sustentado pela escuta do testemunho dos discípulos e pela meditação dos escritos evangélicos. A finalidade é adquirir-se a vida de Cristo, chegar à vida dO Filho de Deus. Acreditar em Jesus ressuscitado, não é esperar que tudo vai recomeçar a ser como dantes. Jesus não regressou à Sua vida anterior à morte. A Ressurreição fê-lO entrar no mundo diferente de Deus: glorificado, exaltado, Ele é O “Senhor” e a Sua presença é totalmente outra.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.