TERÇA-FEIRA – 10/MARÇO/2015

SantaMariaEugeniaSTA. MARIA-EUGÉNIA MILLERET (1817-98). De todas as conversões ocorridas na catedral de Notre-Dame de Paris, conhece-se especialmente a do escritor Paul Claudel no dia de natal de 1886, ignorando a de Maria–Eugénia meio século mais cedo. Criada numa família abastada mas pouco crente, Maria foi aos 18 anos provada por vários dramas sucessivos: a ruína do pai, a separação dos pais, a morte da mãe pouco depois da sua instalação em Paris. Na aurora da idade adulta, a jovem sentia-se portanto profundamente desorientada, mas apesar de tudo resolveu ir, na primavera de 1836, a Notre-Dame ouvir as célebres conferências quaresmais do abade Lacordaire. A inspirada prégação do futuro restaurador dos Dominicanos em França abriu-lhe “um caminho de luz” e insuflou-lhe “uma fé que nunca nada faria vacilar”, de tal forma que ela escreveria: “A minha vocação data de Notre-Dame”, (como o recorda agora uma placa comemorativa, colocada e benzida pelo cardeal André Vingt-Trois em 1/Jun./2014). O caminho de conversão prosseguiu, em 1839, com a fundação da congregação das “Religiosas da Assunção”, vocacionadas para a contemplação e educação de jovens cristãs capazes de exercer uma influência evangélica na sociedade. Esta congregação está hoje presente em mais de trinta países com escolas, residências universitárias, centros de formação, lares de acolhimento, dispensários… Conforme à espiritualidade da sua fundadora as irmãs rezam e trabalham para que nelas, e à sua volta, venha o reino de Deus.

Deuteronómio 3, 25. 34-43 ; Sal 24, 4-7bc. 8-9 ; Mateus 18, 21-35

“É ASSlM QUE MEU PAl DO CÉU VOS TRATARÁ…” (Mateus 18,21-31). Lealmente, sob o olhar de Deus, tenhamos a coragem de nos interrogar : “E se O Senhor Se comportasse comigo tal como eu, ontem, com fulano ou fulana, ou como eu hoje naquele negócio?” Direi talvez: convém não exagerar…!, “Negócios são negócios…” ou, ainda, “Eu faço dez vezes menos mal do que os outros… !” Ou então : “O Evangelho foi escrito para um mundo rural (sic!) muito menos duro que o nosso; é preciso viver com o seu tempo…” E também : “Os outros cristãos, os próprios monges, estão obrigados a fazer o mesmo !”… Eis o Evangelho amaciado, classificado como peça de museu, triado, julgado, tornado inofensivo. Todavia, hoje, a Palavra de Deus julga-me e julga a todos, ela revela o meu pecado, a minha incapacidade para perdoar as dívidas. Sim, eu sou muitas vezes um obstáculo a Deus e devo começar por transfigurar a minha vida para que Deus transfigure o mundo! Após a Páscoa de há 2000 anos, o tempo do mundo ficou cheio da presença dO Espírito a trabalhar em cada um, até à plena manifestação da glória dO Pai. Mas eis que, com o peso da rotina e das nossas conveniências “cristãs”, nos opomos a essa corrente de vida. Todavia, é esse o grande Negócio, o único Negócio, do qual todos os negócios do mundo são meras modalidades concretas, à nossa pequenina medida. Esta corrente de amor, que vem de Deus a cada um de nós para voltar ao mesmo Deus, passa por todos os meus gestos e encontros, passa por cada um dos negócios que hoje eu irei fazer. Pensemos nisto…

“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.