S.TA MARGARIDA DE CORTONA (1247-97). A morte trágica (assassinato) do jovem nobre do qual ela era, há dez anos, a amante, incitou esta Toscana a escolher uma vida de caridade e mortificações intensas como terciária franciscana. Ali fundou a “Confraria de Santa Maria da Misericórdia”, uma espécie de hospital onde mulheres,
religiosas ou leigas, cuidavam de doentes, pobres e sem abrigo. A tradição religiosa católica recorda-a como protectora dos órfãos, mães solteiras, prostitutas e sem abrigo. Foi canonizada em 1728 pelo papa Bento XIII.
Génesis 9, 8-15 ; Sal 24, 4-9 ; 1 Pedro 3, 18-22 ; Marcos 1,12-15
HARMONlA FRÁGlL (Gén.9,8-15). O cuidado dos elementos da natureza e o anúncio duma palavra de salvação no centro da vida humana são a estrutura fundamental da Aliança de Deus com Noé. O arco-iris representa por isso o sinal fugaz e luminoso da salvação que está inscrita no nosso mundo, inclusivé nos animais e nas coisas. Esta salvação de um mundo em perigo fica acessivel quando as liberdades humanas aceitam a Palavra e a inscrevem na sua existência concreta. Para nós que preparamos a renovação das promessas do baptismo durante a Vigília pascal, eis que começa o tempo da Quaresma. Tempo que nos permitirá tomar consciência da harmonia frágil da Criação, bem como das tentações que perturbam a nossa disponibilidade para a Palavra. E é verdadeiramente a nossa liberdade que é suscitada durante este período, para acolher a novidade cristã no nosso corpo e até no nosso universo. Apressemo-nos, faltam menos de 40 dias para experimentarmos esta fecundidade renovada da Palavra e inscrevê-la no coração do mundo!
QUANDO O ESPíRlTO lMPELE AO DESERTO (Marc.1,12-15). O Texto de Marcos, comparado com os de Mateus e Lucas, é notável pela sua concisão. Notemos a passividade de Jesus que não age, nem fala, contentando-Se em “ficar” no deserto para onde não vai por Si pois é O Espírito que O impele. O verbo grego tem um sentido mais violento do que o retido nas traduções : ele significa “expulsar”. Jesus foi “expulso” do “lugar” de graça onde Se encontrava, tal como Adão e Eva do paraíso (Gén.3) ou Israel do Egipto (Êxodo 6). Marcos não nos dá nenhuma indicação sobre a natureza da tentação de Jesus, mas a proximidade com o relato do baptismo deixanos entender que ela não tem qualquer relação com uma escolha moral entre o bem e o mal, mas, mais profundamente, sobre a maneira que Jesus escolherá para viver a Sua filiação divina e a Sua missão. Manifestamente, nesta última, Ele aceita a Sua fraqueza recebendo a força do alto por intermédio dos anjos, tal como Elias a caminho do Horeb (1Reis 19). Novo Adão, novo Israel, Jesus assume plenamente o destino da humanidade e de cada um, confrontado, nestes momentos, com a “rotura” que constitui este tipo de “provação” ou de “tentação”. Não será viver em Si mesmo, na qualidade de criatura, a dilaceração entre as forças brutais da natureza e a vida do espírito (simbolizadas aqui pelos animais selvagens e os anjos)?
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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