CORPO DE DEUS. Cerca do ano 1264, próximo de Orvieto, onde o papa Urbano IV residia, ocorreu o Milalagre de Bolsena, quando um sacerdote que celebrava a Eucaristia, no momento de partir a Sagrada Hóstia, viu dela sair o sangue que empapou o corporal (pano onde se pousam o cálice e a patena durante a Missa). A festa dO “Corpus Christi” foi então instituída por Urbano IV com a Bula Transiturus de 8/Set./1264, determinando que ela passasse a celebrar-se na quinta-feira, imediatamente após o Oitavário dO Pentecostes. “A solenidade do Corpus Christi está intimamente ligada à Páscoa e ao Pentecostes: a morte e ressurreição de Jesus e a efusão dO Espírito Santo são os seus pressupostos. Além disso, está imediatamente relacionada com a festa da Trindade, celebrada no domingo passado. Unicamente porque O próprio Deus é relação pode haver relacionamento com Ele; e só porque é amor, pode amar e ser amado. Assim O Corpus Christi é uma manifestação de Deus, uma confirmação de que Deus é Amor. De uma forma única e peculiar, esta festa fala-nos dO Amor divino, daquilo que é e do que faz. Diz-nos, por ex ., que Ele Se regenera ao doar-Se, se recebe ao entregar-Se, nunca falta e não Se consuma – como canta um hino de S.Tomás: “nec sumptus consumitur”. Este Amor transforma todas as coisas, e assim compreende-se que no centro da moderna festa do Corpus Christi esteja o mistério da transubstanciação, sinal de Jesus Cristo que transforma o mundo. Olhando para Ele e adorando-O, nós dizemos : sim, O Amor existe, e dado que existe, as coisas podem melhorar e nós podemos ter esperança”. Papa Bento XVI (Angelus 2009).
Génesis 14,18-20; Sal 109,1-4; 1Coríntios 11,23-26; Lucas 9,11b-17
A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES QUANDO A MISERICÓRDIA SE FAZ MULTIPLICAÇÃO (Luc.9,11b-17). “Dai-lhes vós mesmos de comer…” Mais de 5000 homens! Com cinco pães e dois peixes! Os Doze sentem-se ultrapassados. E todavia, tudo se organiza com grupos de 50, segundo a ordem de Jesus. Todos comem e sobram doze cestos! Aquele cuja Palavra reúne e mobiliza, transmite o que há mais profundo no coração do homem. A multidão não pode deixá-lo, apesar da fome. Nada de pensar num regresso: já é tarde e a alimentação com esta Palavra manifesta que o homem pode viver duma Palavra que alimenta e dá sentido à vida. Num lugar deserto, a Palavra, a benção e a distribuição do pão fundam o mundo novo onde se vive em união, onde a multidão se converte num corpo. O que importa é tornar-se companheiro d’Aquele que é misericórdia, que convida a multiplicar os sinais de vida, de perdão ultrapassando o dom do pão, unindo-nos a Alguém que nos faz entrar no imenso coração de Deus. Celebrar O Corpo dO Senhor, é também dar resposta ao Seu apelo: “Dai-lhes vós mesmos de comer!…”
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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