Actos 11, 1-18 ; Sal 41, 2-3; 42, 3-4 ; João 10, 11-18
TAMBÉM OS PAGÃOS ( Actos 11,1-18) . A descrição dos Actos refere-se a acontecimentos ocorridos depois do Pentecostes, após as primeiras missões na Judeia, depois da conversão de Paulo da qual, aliás, pouco ou nada se sabia em Jerusalém. A comunidade cristã, com os apóstolos à frente, reprova a Pedro a transgressão da observância dos ritos judaicos! Foi necessária uma longa justificação de Pedro para que se acalmassem e descobrissem – pela acção da graça – o que ainda não tinham compreendido: que a salvação também se destinava aos pagãos! Esta dificuldade de discernimento, aplica-se também a nós. Mesmo que a nossa conversão pessoal seja sincera e sempre renovada, mesmo que a nossa vontade se queira submeter aO Espírito de Deus, o nosso coração é muito lento a compreender, a alargar-se, a assumir as dimensões duma salvação universal… Custa-nos muito aceitar que o estilo da nossa vida cristã não seja o único caminho de salvação. Estejamos atentos para reconhecer a graça de Deus onde ela se manifestar e descobrir o rosto de Jesus em todos os rostos humanos. Então o louvor nascerá nos nossos corações e encontraremos novas formas para anunciar aos homens que a sua salvação já lhes foi concedida por Deus.
NINGUÉM É ANÓNIMO ( Jo. 10,11-18) . Imaginemos um pastor a conduzir um rebanho de ovelhas. Aparentemente são todas semelhantes. Mas para o pastor, nenhuma delas é anónima. Ele conhece-as uma a uma. Acontece o mesmo com Deus, cujo rebanho é inumerável. A Seus olhos cada uma da pessoas dos sete biliões que vivem na terra tem um nome, um rosto, uma voz, uma idade, uma história de alegrias e tristezas… Ainda que alguns assim o pensem, nós não somos nem mercadoria, nem redutíveis a um valor económico. Aos olhos de Deus o nosso valor é inestimavel. Ao discernir, entre as inumeráveis vozes do mundo, a voz do Bom Pastor que nos guarda, adquiriremos a certeza desta íntima convicção todos os dias… Só existe porta se houver abertura na parede, materializando a possibilidade de passar para o outro lado. Ao apresentar-Se como “a porta”, Jesus abre-nos a mente para mostrar que a escuta da palavra de Deus é necessária para não se ficar centrado em si mesmo. Quem pode identificar-se a uma “porta” senão Aquele que permite à luz passar para onde só existem trevas? O lugar que nos espera atrás dessa porta é um espaço de liberdade onde qualquer um pode entrar ; nós podemos “sair e encontrar pastagem” (Jo.10,9). Com este Pastor divino, temos a oportunidade de ir muito para além do muro dos nossos interditos, olhando para cada um daqueles que nos rodeiam como “pessoas amadas por Deus”. Da mesma maneira que eu próprio também o sou.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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