Actos 5, 27b-32. 40b-41; Sal 29, 2. 4-6. 11-12a. 13b ; Apocalipse 5,11-14; João 21,1-19
“É NECESSÁRIO OBEDECER ANTES A DEUS QUE AOS HOMENS…” ( Actos 5,27b-32.40b-41). Jesus tinha prevenido os Seus discípulos: “Se Me perseguiram a Mim, também vos perseguirão” (Jo.15,20). Era lógico : quem de boa fé tinha combatido Jesus, pensando eliminar um impostor, teria que opôr-se aos seus sucessores espirituais. Por outro lado, os apóstolos estavam galvanizados pela Ressurreição de Cristo e pelo dom dO Espírito nO Pentecostes. Nada podia calá-los : a sua única
razão de viver era a urgência do anúncio da Boa-Nova. Perante o tribunal que tinha condenado O Seu Mestre, Pedro ousa dizer: “Antes obedecer a Deus que aos homens”. Estas palavras, são sem dúvida magníficas, mas não esqueçamos que correspondem ao “b-á-bá” da
religião judaica. Só podiam exasperar os juízes porque Pedro insinuava que, ao recusarem reconhecer Jesus como O Messias, eles desobedeciam aO próprio Deus! É O SENHOR! “Nós somos testemunhas de tudo isto, com O Espírito Santo”. Pedro até vai mais longe e recorda aos juizes o que eles sabiam perfeitamente : que ao desobedecerem a Deus se afastavam dO Espírito de Deus. “Quanto a nós, somos testemunhas de tudo isto, com O Espírito Santo que Deus concede a quem lhE obedece”. Ser testemunha, graças à presença dO Espírito Santo, é possivel aos cristãos.
A MANEIRA DE AMAR E DE SERVIR ( João 21,1-19) . A cena passa-se na margem do lago Tiberíades. Jesus manifesta-Se de novo aos discípulos, que estavam a pescar. Após uma noite de trabalho sem resultado, eles são testemunhas dum milagre de Jesus, que torna frutuosa a sua pesca e lhes prepara uma refeição de pão e peixe grelhado. Segue-se um diálogo entre Pedro e O Ressuscitado, que é o centro da mensagem de hoje. Jesus pergunta por 3 vezes a Pedro: “Pedro, tu amas-Me?”, tripla questão que nos leva à tripla negação de Pedro. Como os outros discípulos, Pedro é convidado a acreditar em Jesus, a confiar-lhe a sua vida , que Pedro expressa numa profissão de fé : “Senhor, a quem iríamos ? Tu tens palavras de vida eterna”. Então, Jesus explica a Pedro a forma de amar e servir os outros. O nosso amor por Cristo tem que exprimir-se no amor pelos outros. O pano de fundo do diálogo é a alegoria do bom pastor (Jo. 10,1-18 ): Jesus delega o poder pastoral a Pedro, mas ele deverá exercê-lo com humildade e espírito de serviço. Comentando esta passagem do evangelho, STO Agostinho afirma : “Ao interrogar Pedro, Jesus interrogava cada um de nós. A pergunta : “Tu amas-Me ?” dirige-se a todos os discípulos. O cristianismo não é um conjunto de doutrinas e de práticas ; é algo de muito mais íntimo e profundo”. A Igreja tem de ser serviço. Tal como Pedro, devemos estar disponíveis para o serviço dO evangelho e do mundo. Jesus confirma o primado de Pedro Quando se aguarda um acontecimento importante, cuja data é impossível prever, na maioria das vezes só se pode fazer uma coisa: o trabalho diário. Foi no trabalho que Jesus Se reencontrou – e continua a reencontrar-Se – com os discípulos para os confortar. Foi a partir daí que Ele os enviou de novo em missão, para serem “pescadores de homens” e atraírem ra Cristo todas as gentes, fazendo-as viver mais intensamente dando-lhes a conhecer a Sua Palavra. Só então que Pedro pôde autenticamente manifestar o seu amor a Jesus e receber o perdão. A vergonha de ter negado O Mestre abriu espaço à sua chamada para liderar os cristãos até aO Pai. Para Deus nunca nada está terminado. Ele pode abrir-nos sempre outros horizontes e não cessa de nos renovar a Sua confiança.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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