XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – 18/OUTUBRO/2015

SaoLucasDIA MUNDIAL DAS MISSÕES

A Igreja celebra hoje a Missão. Para a ocasião, o papa Francisco dirije uma carta a todos os católicos, situando este dia no quadro do Ano da Vida Consagrada. Por seguirem Cristo de uma forma específica, os consagrados dão um testemunho particular relativamente à Missão. A eles, afirma o papa, é pedido para “escutarem a voz dO Espírito que os chama a irem para as grandes periferias da missão, entre os povos aos quais ainda não chegou O Evangelho”. O 50º aniversário do decreto“Ad Gentes” é um convite à descoberta da vitalidade das famílias religiosas para tornar fecundo o apelo do Concílio. Mas esta jornada missionária diz respeito a todos. “No imenso campo de acção missionária da Igreja, reconhece o papa, cada baptizado é chamado a viver melhor o seu empenhamento, segundo a sua particular situação pessoal”. É evidente que quem quiser seguir Cristo não pode deixar de ser também missionário, pois sabe que Jesus “caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele e experimenta Jesus a viver com ele no meio da actividade missionária”. (Exortação apostólica “Evangelii Gaudium”, n º266).

S. LUCAS (séc. I). Convertido a Cristo depois de ter encontrado Paulo, este médico de Antioquia seguiu-o nas suas viagens missionárias. Autor do terceiro Evangelho e do Livro dos Actos dos Apóstolos.

Isaías 53, 10-11 ; Sal 32, 4-5. 18-21; Hebreus 4,14-16 ; Marcos 10, 35-45

“SABEIS O QUE ESTAIS A PEDIR ?…” (Marcos 10,35-45). Dois contra dez. De facto, os Doze situam-se na mesma lógica de poder, quer Tiago e João, que pedem explicitamente um lugar privilegiado, quer os outros, que reagem com indignação a este seu pedido. “Estamos nos antípodas do desejo das profundezas do coração, como o do expresso pelo cego Bartimeu (Marcos 10,51). No essaio intitulado “Marcos, o leão do deserto”, Jacques Cazeaux sublinha elementos interessantes colocando em perspectiva os versículos do evangelho de hoje com o A.Testamento e, mais particularmente, com o desmembramento do Reino de Israel em duas entidades separadas, após a morte do rei Salomão (1 Reis 12). Este cisma resultou das rivalidades entre 2 tribos (Judá e Benjamim), por um lado, e as outras 10, por outro (1Reis 12,21). Marcos faz-se também eco do 4º cântico dO Servo de Isaías (Isaías 52,13–53,12), com as expressões “servir”, “dar a Sua vida em resgate pela muitidão”. Assim, a Igreja de Marcos é instigada à conversão, ao combate espiritual, para lutar contra a vontade de poder e se recentrar em Cristo servidor. Que palavra de vida se pode retirar deste evangelho, a não ser que há sempre lugar para um “regresso” ? Ou, o que importa é partilhar a própria vida de Deus, estar unido a Ele, deixar-se habitar pelo Seu amor? Tudo isto nos aponta um caminho de purificação sem o qual a nossa oração é vã. O padre do deserto Evágrio do Ponto(séc.IV), dá este conselho: “Não ores para que se façam as tuas vontades, pois elas não concordam necessáriamente com a vontade de Deus. Sobretudo, seguindo os ensinamentos recebidos, ora dizendo: Que a Vossa vontade se realize em mim. Isto por Deus ser bom e só poder querer o teu bem.” Irmã beneditina Emmanuelle Billoteau.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.