S. JOÃO XXIII (1881-1963). “Obediência e paz”, era a devisa de Angelo Roncalli, eleito papa em 1958, sob o nome de João XXlll. O instigador do Concílio Vaticano ll, foi canonizado pelo papa Francisco.
Sabedoria 7, 7-11 ; Sal 89, 12-17 ; Hebreus 4, 12-13 ; Marcos 10, 17-30
“JESUS PÔS-SE A CAMINHO…” (Marcos 10,17-30). Enquanto caminhamos como discípulos, situamo-nos no centro da pergunta que todos eles fazem : aquilo que é bom para o homem será bom aos olhos de Deus ? Alguém colocou esta questão a Jesus, começando por lhE chamar “bom Mestre”. Mas Jesus criticou esta introdução respondendo que “bom, só é Deus”, porque Ele é a única fonte que nada pode ocultar. Recordemos que, logo no primeiro capítulo do Génesis, Deus utilisa a palavra “bom” – cujas ressonâncias são infinitas – num hino à beleza e à bondade da Criação. Assim, o adjectivo “bom” constituiu-se ponte entre Deus e a Sua Criação, entre Deus e os homens. É a essa bondade que Jesus deseja reconduzir-nos. Foi assim que nos revelou O Pai : Aquele a quem, Jesus e nós, podemos chamar carinhosamente “Abba”.
DAR TUDO E SEGUlR JESUS. (Marcos 10,17-30). Ao homem que interroga para saber o que fará para herdar a vida eterna, Jesus propõe duas coisas : primeiro vender tudo o que tem para dar aos pobres; depois, vir no Seu encalço. O que será mais difícil ? O evangelista afirma que ele tinha muitos bens. Compreende-se que encarasse com dificuldade a perspectiva de tudo ter que se desfazer. Mas a proposta para seguir Jesus será mais fácil ? Não basta despojar-nos de tudo para se seguir Jesus; é necessário escolhê-lhO, e continuar a preferi-lO, como Salomão preferia a Sabedoria ao poder
dos tronos e das riquezas. Se bastasse dar as riquezas para alcançar o reino de Deus, isso equivaleria à compra da entrada nO Reino. O perigo das riquezas é a ilusão da liberdade de compra que elas dão. Ora nem tudo se pode comprar, mesmo com as maiores riquezas intelectuais ou espirituais. A vida eterna é um dom gracioso de Deus. Para ela nada se pode adquirir, tudo tem de se receber. “O homem é um pobre que tem necessidade de pedir tudo a Deus”, dizia o STOCura d’Ars. Trata-se de nos deixarmos progressivamente despojar de tudo para descobrir essa pobreza das Bem-
-aventuranças que abre o homem ao dom de Deus. “Infelizes de vós, ricos, já tivestes a vossa consolação”, advertia Jesus. É imperativo deixar as riquezas para receber O Consolador e, depois, meter-se a caminho e segui-lO.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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