Jeremias 23, 1-6; Sal 22, 1-6; Efésios 2, 13-18; Marcos 6, 30-34
“AI DOS PASTORES QUE DISPERSAM E EXTRAVIAM O REBANHO…” (Jer.23,1-6). Muito antes de Israel já os povos vizinhos comparavam os reis a pastores, e os seus ceptros a caj ados. Cerca de 1750 a.C., o famoso rei Hamurabi da Babilónia dizia: “Eu sou o pastor que salva e cujo ceptro é j usto”. Após David, pastorzinho de Belém tornado rei, a metáfora era naturalmente usada em Israel. Infelizmente, o sonho dum “bom pastor” que cuidasse de todos os habitantes do reino e especialmente dos mais pobres continuou a ser um sonho. Passadas as belas promessas da sagração, os interesses pessoais sobrepunham- se lo go ao interesse público e voltava-se à idolatria do dinheiro, do poder e às guerras cruéis. Porém, sem desistir, Deus enviava profetas a chamar à ordem os reis. Jeremias, a pregar durante o exílio na Babilónia – para onde Deus “dispersara Israel” – diz ao Povo que Deus vai retomar o controlo da situação e, o que os reis não tinham feito até ali, Ele o irá realizar dando ao Povo pastores dignos desse nome.
OS GESTOS DO BOM PASTOR (Marc. 6,30-34). É uma autêntica relação que se cria entre os discí pulos e Jesus: Ele chama-os, envia-os, dá- lhes p oder e indica-lhes as Suas recomendações… e eles partem 2 a 2, proclamam, expulsam os demónios e curam os doentes. E agora eis que regressam da 1ª missão a sentir-se felizes por contarem a Jesus tudo o que tinham feito e ensinado em Seu nome. É então que Jesus, O Mestre que chama e envia, lhes faz este convite: “Vinde à parte para um lugar deserto e descansai um pouco…” A decisão estava tomada e eles partem na barca. Mas eis que, sobre as colinas vizinhas do lago, os pobres não tiram os olhos da barca de Jesus que se afasta. Assim, quando desembarca com os discípulos, Ele descobre já na margem as pessoas vindas de toda a região para ser curadas e escutar as Suas palavras sobre O Reino. Ao ver a multidão, Jesus “teve compaixão deles, por q ue eram como ovelhas sem pastor”, e lembra as palavras dos profetas: “Eu próp rio reuni rei o resto das Minhas ovelhas (…) Eu as conduzirei às pastagens e elas serão fecundas e multiplicar-se-ão. Eu lhes darei pastores que as guiem ; j á não andarão abatidas nem com medo e nenhuma se perderá”. Para responder às necessidades da multidão, Jesus alimenta-a com a palavra e com o pão e, com isso, revela o Seu rosto de bom pastor “q ue dá a vida p elas suas ovelhas”. Este último é a imagem perfeita da misericórdia de Deus para cada pessoa humana. Ser discípulo de Cristo, é, seguir Cristo, escolhendo menos o repouso do que a aventura, para procurar as ovelhas desgarradas e cuidar delas com ternura.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint -Martin de Mondaye. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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