QUARTA-FEIRA – 3/JUNHO/2015

A_SaoCarlosLwangaECompanheirosSTOS. CARLOS LWANGA E COMPANHEIROS (séc.XIX). De 1885 a 1887, cerca de 100 de cristãos, entre os quais alguns anglicanos, foram vítimas de perseguição no Uganda. Entre eles contam-se 22 jovens – incluindo o chefe dos pagens Carlos Lwanga – queimados vivos por ordem do rei Mwanga ll que via na religião cristã uma ameaça para o seu trono. São os primeiros santos de África. Canonizados em 1964.

Tobias 3, 1-11a. 16-17a ; Sal 24, 2-9 ; Marcos 12, 18-27

CONTABILIDADE ESPlRlTUAL? (Marcos 12,18-27). Como é curto o nosso olhar ! Contabilizamos com paixão as acções, os gestos e as palavras das nossas vidas. Mas, por outro lado vemos as realidades da vida eterna da mesma forma com que examinamos as da vida presente. Ora esta porta de entrada para a compreensão do mundo é extremamente redutora e impede que percepcionemos o essencial. No Evangelho os saduceus armam a Jesus uma cilada e apresentam-lhE uma situação hipotética em que a irrealidade do número de maridos duma mulher sucessivamente viúva, só se pode comparar à absurda falta de interesse que têm pela “relação existencial” que qualquer casal possui. Reduzir a vida humana e os seus fundamentos a um problema de matemática é tão mesquinho que Jesus nem lhes respondeu e colocou-Se logo do lado da perspectiva de vida infinita, única que nos permite partilhar a condição ilimitada de Deus. No mundo da Ressurreição, o que conta não é a soma algébrica dos indivíduos mas a sua perfeita unidade em Deus, sem limites nem qualquer exclusão. Esta forma de ver retira-nos da mera lógica contabilística e faz-nos aceder, já neste mundo, às coisas da fé. Na ressurreição, Deus não dará ao nosso corpo a mesma vida, limitada, aqui da terra. A ressurreição será a eclosão do nosso corpo numa vida nova, nO Espírito (Rom.8,11), que teremos bebido da própria vida de Deus. E, do mesmo modo que no mundo a oração, inspirada pelO Espírito, está para além de todas as palavras e a todas engloba, igualmente a comunhão entre os humanos, na glória, estará para além de todas as ligações carnais e a todas há-de conter. Quer se trate da vida conjugal, da vida fraterna, da piedade filial ou da ternura dos pais, todo o amor que, sobre a terra, tiver traduzido o amor de Deus, será retomado, assumido, e transcendido por esse amor de Deus que “será tudo em todos” e a todos fascinará.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.