S. FILIPE NÉRI (1515-95). Sacerdote dotado duma personalidade original que seduzia os contemporâneos. Iniciou aos 17 anos uma vida em Roma de “eremita urbano”: orava de dia nas igrejas e à noite nas catacumbas, pedindo a Deus para lhe revelar o desígnio que tinha a seu respeito. Começou a cuidar dos doentes nos hospitais, a falar com a alegria da fé cristã às pessoas dos bairros. Após a ordenação, dedicou-se à confissão e à direcção espiritual. Reunia em casa os jovens romanos desempregados. Durante os encontros, cantava-se ria-se, orava-se, e falava-se do Evangelho ! Deste apostolado surgiu a “Congregação do Oratório”, sociedade de sacerdotes seculares unidos sem votos, congregados apenas pelo espírito comum de caridade fraterna. O carácter independente de Néri e as suas iniciativas atípicas (tal como a “peregrinação às 7 igrejas”), tornaram-no suspeito às autoridades eclesiásticas romanas. S. Pio V mandou vigiá-lo e a desconfiança só terminou em 1575 quando o “Oratório” foi reconhecido pelo sucessor papa Gregório XIII. Devido à humildade e caridade escondidas nas suas fácecias, o povo de Roma chamava-o de carinhosamente de “Pippo buono” (bom Filipe). Foi canonizado em 1622, com Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Teresa d’Ávila e Isidro, O Lavrador. Os habitantes de Roma, sempre mordazes, comentavam : “Quatro espanhóis e um santo!”
Ben-Sirá 35,1 -15; Sal 49, 5-8.14. 23; Marcos 10, 28-31
DEIXAR TUDO E RECEBER CEM VEZES MAIS (Marcos 10,28-31). Na lista de tudo o que é necessário deixar para seguir Jesus, este evangelho não menciona nem o marido nem a mulher. Não quererá isto dizer que, no fundo, fazer a escolha do celibato consagrado ou a escolha do casamento cristão, serão ambos uma resposta ao apelo para seguir Cristo, radicalmente? “Nós deixámos tudo!” Não são só os consagrados que devem deixar tudo, pois na escolha de amar o seu marido ou a sua mulher, numa abertura – com confiança em Deus – plena à vida, encontra-se também uma forma para seguir unicamente Jesus, que é complementar da vocação à renúncia ao matrimónio pelO Reino. Os casais cristãos que vivem no desprendimento das seguranças humanas e se dispõem seguir a Cristo provam que O Evangelho fala verdade: ao deixar-se tudo pelO Reino recebe-se – de imediato – 100 x mais. O casamento e a vida consagrada são duas vocações diferentes, mas a radicalidade do Evangelho dirige-se igualmente a estas duas formas de empenhamento, voluntariamente escolhidas.
“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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