TERÇA-FEIRA – 5/MAIO/2015

a_RostoDeJesusCoroadoS. PEDRO MARlA CHANEL (1803-41). Sacerdote da Sociedade de Maria, foi mandado a seu pedido para as missões da Oceânia, à ilha de Futuna, onde nunca tinha sido anunciado o nome de Cristo. Depois dos trabalhos do dia, voltava a casa abrasado pelo ardor do sol, enfraquecido pela fome, banhado em suor e morto de cansaço, mas sempre animado, ágil e satisfeito, como se regressasse dum lugar de delícias. Não negava nada aos habitantes de Futuna, nem sequer aos que o perseguiam. Os indígenas chamavam “homem de grande coração” àquele que dizia : “Em missão tão difícil é necessário que sejamos santos”. Anunciava o Evangelho de Cristo, mas pouco fruto conseguia. Apesar disso, continuava o trabalho ao mesmo tempo humanitário e religioso, confiado nas palavras de Cristo : “Um é quem semeia e outro quem ceifa”. E pedia com insistência o auxílio da Mãe de Deus, por quem tinha particular devoção. A sua pregação destruiu o culto dos maus espíritos, que os notáveis de Futuna fomentavam para manter o povo sob o seu domínio. Foi esta a razão que os levou a assassiná-lo cruelmente na esperança de, com a sua morte, fazerem desaparecer as sementes da religião cristã que Pedro lançara à terra. Mas ele próprio dissera, na véspera do martírio : “Nada importa que eu morra; o cristianismo está tão arraigado nesta ilha, que já não será arrancado com a minha morte”. O sangue do mártir frutificou primeiro nos habitantes de Futuna, e, poucos anos mais tarde, também nas outras ilhas da Oceânia, onde existem agora comunidades cristãs florescentes, que têm e invocam Pedro Maria Chanel como seu primeiro mártir e Padroeiro.

Actos 14,19-28 ; Sal 144,10-13ab. 21 ; João 14, 27-31

“EU VOU PARA O PAl…”(Jo.14,27-31). “É necessário que todos saibam que amo O Meu Pai” e reconheçam o
rosto de Deus. O desejo dO único Filho – sempre “voltado para o seio dO Pai” – é revelá-lO : “Deus é amor”.
Os primeiros discípulos, ao verem a singular relação filial de Jesus, descobriram maravilhados que, no Seu
coração de amor, havia lugar também para eles ! No encalço de Cristo, as suas vidas foram, pouco a pouco,
sendo recentradas, reunificadas ; deixaram-se prender pelo forte movimento desse coração filial, seguiram–nO também na oração e aprenderam a dizer com Ele: “Abba !”. “Ó Senhor meu Deus, Tu que estás no coração da existência, no coração de cada um de nós, no coração do meu ser, ajuda-me a ser digno de Te receber a fim de Te manifestares melhor nas minhas palavras, nos meu pensamentos, nas minhas acções e nas minhas emoções – na minha carne – para que a Tua vontade se faça e me guardes sempre na fé, na alegria, no amor e na paz”.

“DOU-VOS A MlNHA PAZ, NÃO À MANElRA DO MUNDO…”(Jo.14,27). Que significará a paz “à maneira do mundo”? Não será uma paz que petrifica os problemas em vez de os resolver? Uma paz que constrói muros em vez de enfrentar as dificuldades? Uma paz que guarda ciosamente a tranquilidade de uns sem atacar a sério as injustiças sofridas por outros? Esta não é verdadeiramente uma paz, e ela não perdura. A paz que Cristo oferece não é assim. Ela é a paz de quem viveu a provação e, no coração do sofrimento, pode testemunhar uma esperança que vai além das divisões e dos ódios. É a paz de Cristo ressuscitado, vencedor da morte e do mal.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.