S.TA INÊS DE MONTEPULCIANO (1274-1317). Aos 14 anos era ecónoma num mosteiro que seguia a regra de S.TO
Agostinho, onde a sua obediência e espírito de penitência foram recompensados com graças especias: entrega do Menino Jesus por NªSª, comunhão trazida por um anjo, aparição de S.Domingos a chamá-la à sua Ordem, etc. Ela obedeceu e fundou uma comunidade de 20 religiosas dominicanas em Montepulciano. A obediência e a confiança de Inês na providência divina, revelada por Jesus a S.TA Catarina de Sena, eram tão grandes que S.TA Catarina se tornou sua grande admiradora, evocando-as no “Livro dos diálogos” que ditou.
Actos 6, 8-15 ; Sal 118, 23-24. 26-27. 29-30 ; João 6, 22-29
“TRABALHAl PELO ALlMENTO QUE PERDURA E DÁ A VlDA ETERNA…” (Jo.6,22-29). Este evangelho convida–nos a que procuremos Cristo com a multidão e, portanto, que nos deixemos deslocar interiormente. Não estaremos, tal como os contemporâneos de Jesus, desejosos de ver cessar as nossas dores e aceder à felicidade prometida pelO próprio Senhor? Tal como eles, é-nos porém necessário viver tempos de decepção, pois Deus não nos dá obrigatoriamente “o pão que procuramos”, quer se trate de êxitos humanos ou de experiências espirituais gratificantes. Perguntaram a Jesus: “Que faremos para realizar as obras de Deus? Jesus respondeu-lhes : “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou”. A pergunta ajusta-se bem à mentalidade moderna, sobretudo de nós ocidentais, para quem, ser eficaz implica sempre “fazer coisas”. Na verdade devemos agir, mas Jesus lembra que a fé é o fundamento da acção cristã, ou seja dos actos que perdurarão para além de si mesmos. Assim, se as obras que fizermos não estiverem impregnadas dos ensinamentos dO Evangelho, arriscamo-nos a trabalhar só para o alimento que perece. É útil ouvir hoje esta lição, por haver tão grande consciência das necessidades temporais dos irmãos. As nossas barcas humanas são bem frágeis para se passar de uma para a outra margem. Na realidade, somos incapazes de o fazer, basta-nos compreender que estas barcas são a existência humana e que a outra margem é a margem da vida liberta da morte. Somente Cristo nos pode permitir ser bem sucedidos nessa passagem, nessa Páscoa: Ele é O único vencedor da morte. Se já somos tão impotentes para viver por nós mesmos, como não achar irrisória a pergunta: “Que havemos de fazer para realizar as obras de Deus?” Mas terá Deus necessidade de nós ? E, todavia, Ele quer ter necessidade de nós ! Mas trata-se menos de “fazer as obras de Deus” do que acreditar na obra que Deus realiza em nós, pelO Seu Filho, “Ele que O Pai marcou com o Seu selo”. O baptismo inscreve em cada crente esta marca.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.