S. TIMÃO (séc.I). Um dos sete primeiros diáconos escolhidos pelos apóstolos: Estêvão, Filipe, Prócuro, Timão, Parmenas e Nicolau. A tradição afirma que ele teria mais tarde evangelizado a região de Corinto onde teria sido martirizado e morrido na cruz.
Actos 3,13-15.17-19; Sal 4,2.4.7.9; 1João 2,1-5a; Lucas 24,35-48
“PORQUE ESTAIS PERTURBADOS…?” (Luc.24,35-48). A pergunta de Jesus não é retórica. Ela toca na vida dos Seus discípulos. Eles estão perturbados por causa da morte do seu Mestre, do seu amigo, d’Aquele que eles tinha querido seguir – com hesitações, sem dúvida – e que morrera de uma forma injusta e escandalosa. Era pois impensável para eles reconhecê-lO vivo no meio deles! Todavia, Jesus tinha anunciado repetidamente o Seu precurso de morte e de ressurreição… O episódio de hoje ilustra bem a convicção da presença de Cristo onde dois ou três estiverem reunidos em Seu nome. Essa presença não está ligada a nenhum lugar sagrado mas à comunidade onde circula a palavra sobre a experiência de Cristo ressuscitado. Esta irrupção dO Senhor suscita a todos sentimentos opostos (terror, medo, espanto, alegria), mas tem consequências e abre-nos à “compreensão das Escrituras”. A insistência é própria de Lucas: desde o início da Sua vida pública (Luc.4) e após a Sua ressurreição (Luc.24), Jesus explica as Escrituras. Os Actos vão prosseguir este trabalho de exegése, retomando os textos a que chamamos de Antigo Testamento para demonstrar o seu pleno cumprimento em Cristo. Mas será que fazemos um esforço para o compreender? Teremos o cuidado de memorizar passagens para criar uma memória bíblica e o hábito de fazermos dialogar os dois Testamentos?
É verdade que a fracção do pão permitiu aos discípulos reconhecerem O Seu Mestre, mas não sem referência às Escrituras, que os levavam a ter mais consciência que O Ressuscitado era O Crucificado. Tenhamos nós também a certeza que a Bíblia autentica a verdade da nossa experiência espiritual, no dinamismo que faz passar da dúvida à fé, do medo à confiança, da tristeza à alegria. Tal como para os discípulos, o sofrimento continua a ser para nós uma pedra de tropeço e podemos perfeitamente ler as Escrituras sem entender nada do que nos acontece. Tal como eles, ficamos por vezes bloqueados pela nossa incompreensão. Então, peçamos aO Senhor para que abra o nosso espírito à inteligência das Escrituras, para que elas deixem de ser-nos exteriores e se tornem num princípio de sentido e de unidade, em poder de cura e de renovação da nossa vida. Mas nunca nos admiremos de caminharmos numa cumeada muito estreita entre a fé e a dúvida. Afinal, não será isso próprio de toda a busca autêntica de Deus?
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.