Isaías 52,13–53,12 ; Sal 30, 2. 6.12-13.15-17. 25 ; Hebreus 4,14-16; 5, 7-9 ; João 18, 1–19, 42
FIQUEMOS AOS PÉS DA CRUZ (Jo.18,1–19,42). Desolação. Sexta-feira Santa de lamentações e de silêncio. O abismo abre-se hoje, dia em que Jesus é crucificado. Na meditação e jejum, por um caminho de cruz, celebrando os mistérios dolorosos da Paixão dO Senhor, entramos no mistério desta crucificação. Talvez a lembrança da Cruz nos remeta demasiado vivamente à nossa experiência. Os sofrimentos vêm ao de cima, revelam-se. Dores físicas, feridas afectivas, angústias existenciais. Os corações agitam-se num combate invisível que nos afunda na confusão. O mal parece ocupar tudo… Não podemos esquecer-nos que é O Filho de Deus que está na cruz. Precisamos deste irmão que partilha os nossos sofrimentos. A nossa oração volta-se para Ele. Ao contemplar a cruz de Cristo vemos, nas torturas que lhE deram a morte, a solidão da condição humana: Ele está abandonado pelos homens, troçado, humilhado. A Paixão é a narrativa deste abandono. O sofrimento e o caminho da cruz são o sinal duma terrível confusão que ainda perdura no mundo. O pecado está sempre à espreita para nos confundir. Mas Jesus veio confundir esta confusão. Despojado até à morte, “Ele carregou os pecados da multidão e intercedeu pelos pecadores”, diz Isaías. No abismo desta Sexta-feira Santa, fiquemos aos pés da Cruz para partilharmos com Ele a Sua Paixão. Imitando S. João, que recebeu a mãe de Jesus como sua, descubramos um irmão crucificado cujas feridas curem os nossos pecados.
“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye . Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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