Jeremias 31, 31-34 ; Sal 50, 3-4. 12-15 ; Hebreus 5, 7-9 ; João 12, 20-33
QUANDO OS ESTRANGEIROS QUEREM VER JESUS (Jo.12,20-34; Heb.5,7-9; Jer.31,31- 34). Singular, o início do evangelho deste domingo. Querer ver Jesus não está reservado apenas aos amigos. Jesus é para todos. Já não há fronteiras, pois Deus manifesta-Se nO Filho e naqueles que O seguem. Servir e seguir Jesus são a mesma coisa. É isto que nos recorda
STA. Teresa : “Amar é dar tudo e dar-se a si mesmo”. No momento Jesus nos convida a segui-lO, Ele revela a importância de dar a Sua vida para, como o grão, ao morrer, gerar muito fruto. Assim, o dom de Si mesmo, não apenas glorifica O Pai, porque Ele quer fazer da humanidade salva uma Terra solidária. A Carta aos Hebreus, diz isto, ao afirmar que Jesus é a causa da nossa salvação. Que aventura para cada um de nós, entrar no projecto dO Filho : servir, seguir, dar, dar-se, amar! Como não pensar, também, na partilha fraterna com aqueles que vivem o mal social, a ausência de cuidados, a falta de dignidade? Também eles têm direito a ver Jesus e vê-lO-ão se os discípulos -nós hoje- derem testemunho activo de solidariedade sem fronteiras. “A solidariedade é uma forma de fazer história (…) a solidariedade com os pobres é a própria base dos evangelhos”. Esta afirmação do papa Francisco no “Encontro mundial dos Movimentos populares”, em outubro passado, é o caminho incontornável para dar fruto. E se este tempo da Quaresma nos fizesse abandonar as práticas pagãs (Jeremias 31,31-34) para inscrever- mos a lei de Deus nos nossos corações, para ver e servir Cristo com os nossos irmãos estrangeiros ?
“SE GRÃO DE TRlGO NÃO MORRER…” (João 12,20- 33). Que estranho mistério é este mistério da vida germinar da morte! Mistério que podemos meditar no próprio coração da nossa existência : para se viver é necessário primeiro morrer! O adolescente morre para a infância, o adulto para a adolescência, o velho para a força plena da idade madura. Para se poder viver a exigência do amor, é necessário 1º morrer para o “não-amor”, para os nossos egoísmos e individualismos: “Quem ama a sua vida perde-a”, disse-nos Jesus. “Se o grão de trigo lançado à terra não morrer ficará só”, na esterilidade da vida que se guarda com egoísmo só para si. “Mas se morrer, dará muitos frutos”, concluiu Jesus. Bela meditação impregnada de sabedoria. Mas, será só isto? Não!; Jesus não Se contentou em falar apenas sobre o grão que morre: a Sua vida e ressurreição comprovam-no. Ele é a semente que desceu do céu para nos dar a vida ; aceitou mergulhar na massa humana ao ponto de também descer ao túmulo. Por isso, Deus exaltou-O e ouvimos a Sua voz : Eu glorifiquei-O e continuarei a glorificá-lO”. E deixou-nos uma certeza : “O Senhor amou-me e entregou-Se por mim”. Sim ! Deus amou-nos até morrer por amor. Será que Lhe retribuo O Seu Amor com o meu amor ? Cristo !, “Fac cor nostrum secundum cor tuum.”
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
Deverá estar ligado para publicar um comentário.