S. JOÃO DE DEUS (1495-1550). Quem sou eu realmente? Que fazer da minha vida? Algumas das questões essenciais que João Cidade se colocou muitas vezes. Português, partiu em condições obscuras para Espanha com oito anos. Ali foi pastor, moço de estrebaria, soldado no exército de Carlos V, pedreiro e por fim vendedor ambulante de livros! Atormentado por errar “como barco sem remos”, pedia aO Senhor que “lhe fizesser conhecer o caminho a seguir para chegar até Ele”. A 20/ Janeiro/ 1539, foi atendido de forma surpreendente. Era dia de S. Sebastião quando uma pregação de S.João d’Ávila lhe abriu os olhos sobre a profundidade do seu pecado e a vacuídade da existência passada. João Cidade manifestou o seu desejo de arrependimento e penitência de uma forma tão exuberante que o julgaram louco e imediatamente o levaram ao hospital! Ali viu os doentes mentais serem “tratados” a golpes de chicote e à paulada… À saída, João encontrara o seu caminho: dedicar-se, com humanidade, a cuidar dos pobres e doentes. Abriu um 1º hospício numa pequena casa de Granada e depois um hospital num convento desafectado da cidade. Para os sustentar mendigava nas ruas com tal paixão que o Arcebispo começou a chamar-lhe “João de Deus”. Num incêndio no hospital, João salvou sózinho, com risco da própria vida, os doentes um a um. Fundador do núcleo dos “Irmãos hospitaleiros de S.João de Deus” que continuam a sua obra.
Êxodo 20, 1-17; Sal 18, 8-11; 1 Coríntios 1, 22-25; João 2,13-25
“DEVORA-ME O ZELO PELA TUA CASA!…”. A lei de Moisés e o seu cumprimento é um dos temas deste Domingo. Segundo Paulo, a lei é uma pedagogia que nos leva a Cristo. Aliás, de certa maneira pode dizer-se isto de todas as leis justas da cidade terrestre. Todavia as leis humanas são apenas“horizontais” e “razoáveis”não ultrapassando estes limites e nenhum de nós, cidadãos honestos e acatadores das leis, dirá: “o amor pelo código civil devora-me”. Mas, como os homens estão destinados a tornar-se semelhantes aO Deus-Amor, é necessário que a lei “horizontal” passe a ser a lei “vertical” do amor. Neste sentido o zelo devorador pela justiça encontrará alimento. A lei “horizontal” aponta os mínimos a que somos obrigados. A lei “vertical” ensina-nos aquilo que podemos fazer a mais. Mas porquê, aqui, a menção a Cristo crucificado? Porque a redenção pela cruz é o cúmulo do zelo, cumprido por alguém que o amor da casa de Deus atormenta. É o cume do mais que a lei vertical do amor pode propôr-nos. A “lei vertical” vence a “lei horizontal”, pelo grão de loucura que contém.“Não sabeis que sois templos dO Espírito ?”, escreve Paulo a cada um de nós. Porém neste meu templo há tantos traficantes! Como poderei vencê-los? A oração, com o jejum e a partilha, são práticas da quaresma que devo utilizar. Será também repetindo, sem cessar: “Devora-me o amor da Tua casa!”, que adquirirei pouco a pouco a força para fazer o que digo e aproximar-me do momento em que serei transformado num Templo absolutamente puro.
“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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