SEXTA-FEIRA – 24/JUNHO/2016 NASCIMENTO DE S. JOÃO BAPTlSTA

24Jun_NascimentoSaoJoaoBaptistaOs assistentes desta cena evangélica estão intrigados com os acontecimentos maravilhosos que envolvem o nascimento de João, o futuro Baptista: a avançada idade de seus pais, o mutismo provisório de Zacarias, a concordância espontânea de ambos acerca do nome. “O que irá ser este menino…” Numa família sacerdotal, há o costume de conservar a tradição do nome. Como o pai, a criança devia chamar-se Zacarias. Mas O Espírito guia-lhe os passos de forma particular. Sem se consultarem, o pai e a mãe dão-lhe o mesmo nome, atestando o seu destino extraordinário. João será a Voz, a preparar os caminhos dO Senhor. “O que será então esta criança?”, pergunta que se coloca cada vez que um pequenino vem ao mundo. Algo misterioso dos planos de Deus está sempre presente. Em qualquer recém-nascido “Deus lembra-Se” (“Zacarias”) e “Deus dá a graça” (“João”)!

Isaías 49, 1-6; Sal 138, 1-3. 13-15 ; Actos 13, 22-26; Lucas 1, 57-66. 80

“…O SENHOR CHAMOU-ME…” (Is. 49,1-6) . Desde o ventre de minha mãe…” Esta expressão caracteriza a vocação dos grandes profetas de Israel. Encontamo-la no início do Livro de Jeremias, e S. Paulo usa-a na Carta aos Gálatas. Que significa este apelo que precede o nascimento e está no acto criador de Deus? Chamar, conhecer, criar, são verbos que falam da atenção amorosa e sem falhas de Deus pelos que Ele não cessa de chamar à vida. Os discípulos de Jesus reunir-se-ão em Igreja (ekklésia), que significa a reunião dos “chamados”. Assim, o apelo de Deus ressoou desde sempre no interior da humanidade, com os antepassados e profetas de Israel a saberam dar-lhe eco, mas, agora, são os cristãos que estão encarregados de levarem este apelo até às extremidades da terra.

“JOÃO É O SEU NOME…” ( Luc. 1,57-66.80) . Assim a criança chamar-se-á João. O próprio Senhor deu O Nome ao filho deste velho, e aqui está presente todo um mistério. Na Criação, Deus pedira ao homem para nomear todos os seres que formavam o mundo ; eis, agora, o inverso, Deus reserva-Se para nomear alguns filhos dos homens: aqueles sobre quem Ele pousa antecipadamente a mão. À semelhança das nossas obras humanas e projectos de vida, que afinal são obras de Deus: de que servirá, então, querer dar-lhE a qualquer preço um nome de homem? Se Deus Nosso Pai, consegue suscitar vida na terra estéril do nosso amor, como será possível não confiar n’Ele até ao fim ? Será esta atitude filial que fará de cada um de nós uma verdadeira testemunha da Sua misericórdia.

“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.