QUARTA-FEIRA – 22/JUNHO/2016

Não temos todos a vocação para mártires, destes santos que hoje celebramos: S.PAULINO DE NOLA (353-431), bispo, discípulo de Sto Ambrósio e último dos poetas latinos, que sofreu na carne o saque de Roma dos Godos de Alarico, ou
S. TOMÁS MORE (1478-1535), Chanceler de Inglaterra, S. JOÃO FISHER (1469-1535), bispo de Rochester, paradigmas de “homens justos para a eternidade”, íntegros em tudo, decapitados sómente por se oporem ao cisma do rei Henrique VIII. A falta de resposta aos anseios de Deus a nosso respeito é o maior pecado!

2 Reis 22, 8. 13 ; 23, 1-3 ; Sal 118, 33-37. 40 ; Mateus 7,15-20

“CUIDADO!” ( Mat. 7,15-20). Jesus – ouvimo-lO há dias – quer que fechemos os olhos para nos abandonarmos – sem condições – à providência de Deus Pai. Mas também nos manda “abrir bem os olhos” quando houver que confiar – ou não – nos que se apresentem como Seus enviados. E Jesus dá-nos, aliás, um critério precioso para nos afastar dos enviados não credíveis: “lobos vestidos com pele de cordeiro”. Esta imagem – na sua materialidade – não nos dirá muito; de facto, há hoje poucos pastores nas nossas relações, e os que houver dificilmente terão visto um lobo ! Para melhor a compreender, experimentemos substituir a frase “lobos vestidos…” pela frase moderna e bem distinta de “seres manhosos…”. Imediatamente veremos como o critério de Jesus é pertinente e realista. Acrescente-se ser ainda mais pertinente, realista e útil, ter a feliz ideia de começar por discernir a nossa própria conduta perante o outro, em lugar de nos preocuparmos com a sua conduta connosco. Procuremos pois ser autênticos profetas, fiáveis e generosos. Todavia, em vez de usar um alto-falante para clamar, alto e forte, apelos à conversão, interroguemo-nos sobre se as nossas vidas se adequam à palavra de Deus. Lúcidos, veremos com alegria o caminho percorrido e os obstáculos ultrapassados, bem como as edras onde tropeçámos. Teremos, então, que resignar-nos e deixar de profetizar? Certamente que não ! As palavras dos profetas devem ter a tonalidade da sua vida espiritual : humildade, compaixão e paciência.

“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.