XII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 19/JUNHO/2016

SaoRomualdoS. ROMUALDO (1027) . Natural de Ravena, ficou marcado por ver, aos 20 anos, o seu pai matar um parente num duelo. Eremita nos Pirinéus, ali aprendeu a ler e escrever com os monges de Cluny. Regressou a Itália e iniciou a fundação de mais de 100 mosteiros, até que um certo Máldolo (que vira uns monges brancos subirem ao céu) lhe deu um campo que depressa se chamou Campus Máldoli, onde Romualdo dois anos depois ergeu a casa mãe da Ordem Camaldulense, cujos eremitas e monges deviam, duas vezes, por dia cantar o Saltério, ler, meditar e trabalhar. Vestiam cilício de peles e jejuavam toda a semana, menos aos sábados e domingos , dia em que todos – eremitas e monges – se encontravam na missa. Faleceu com setenta e cinco anos. O seu corpo foi preservado da corrupção e encontrava-se intacto a quatro séculos após a sua morte.

Zacarias 12, 10-11; 13,1 ; Sal 62, 2-6. 8-9 ; Gálatas 3, 26-29; Lucas 9,18-24

NUM MESMO CAMINHO, EM CONJUNTO ( Gal. 3,26-29). “Todos filhos de Deus pela fé”. A salvação é colectiva Ela derrama-se sobre Jerusalém. Ela entra na história com a descendência de Abraão e jorra, como uma fonte, na casa da David. Ela é oferecida à humanidade inteira sem distinção de origem, de condição ou de sexo. Mas, para nós, a salvação tem o rosto de Jesus que é O enviado dO Pai. Ora, Cristo é transpassado pelas nossas divisões. Paulo lembra aos Gálatas que o baptismo os uniu uns aos outros. Revestir-se de Cristo é decidir pertencer à Sua Igreja. Não se pode pertencer à cabeça se não se pertencer também ao Seu Corpo. Numa mesma filiação, o baptismo faz deles os herdeiros da salvação. A fé junta-nos num mesmo caminho. Compete a cada um seguir Jesus no dom da própria vida, mas esta aventura vive-se em Igreja e nunca como uma travessia solitária. Este caminho de bondade e de oração é que purificará o nosso coração de tudo o que não nos conduza aO Senhor. A um irmão tentado a deixar a comunidade STO. Agostinho lembra-lhe já não ser dono de si. Ele pertence a todos os irmãos tal como eles mesmos estão também consigo em Cristo: “As suas almas e a tua, não são almas no plural, elas são uma só alma, a de Cristo” (Carta 243,6). Contemplemos a cruz das nossas Igrejas. A das nossas misérias e divisões nos conduzirá ao coração misericordioso de Deus. Todos reviveremos, na morte e ressurreição de Jesus. Mas antes ofereçamos a alma a Deus e dêmos a vida pelos outros.

“PARA VÓS, QUEM SOU EU?” ( Lucas 9,18-24). Toda a tónica – segundo a estrutura deste relato evangélico – se baseia nas palavras: “E vós…; Para vós..?” Está portanto bem evidente que Jesus quer transferir a atenção do conteúdo da pergunta: “Quem sou eu?”, para a pessoa ou pessoas que eram chamadas – ou que deveriam sentir-se chamadas – a pronunciar-se. Desta forma aquilo que até aí se situava apenas no plano neutro do “diz-se”, transfigura-se numa autêntica profissão de fé. Na verdade, logo que eu pronunciar as simples palavras: “Tu és…”, ficarei irremediavelmente comprometido com Jesus. Ao mesmo tempo estabelece-se entre “mim” e “Ti” uma relação pessoal cuja natureza é única, e essa relação torna-se mais importante do que quaisquer palavras que tenham sido, ou venham a ser, trocadas. Ora é precisamente deste modo que Jesus pretende, com todo o Seu coração, vir até cada um de nós. Deixemo-nos interrogar interiormente por Ele. “Esqueçamos” o nosso catecismo. Não é a recitação de nenhuma lição que Jesus espera de nós. Infelizmente, pois isso seria mais fácil!

“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.