BTA. MARGARIDA LÚCIA SZEWCZYK (1828-1905). Religiosa polaca, fundadora da “Congregação das Filhas da Virgem das Dores” ao serviço dos pobres, dos velhos e dos doentes. (1577-1640) Beatificada em 2013 no santuário da Divina Misericórdia de Lagiewniki, em Cracóvia.
1 Reis 17,17-24; Sal 29, 2. 4-6.11.12a.13b; Gálatas 1,11-19; Lucas 7,11-17
TEMPO DE COMPAIXÃO (Luc. 7,11-17). Voltámos aos domingos do Tempo Comum que longe de serem dias de rotina, permitem ao mistério da morte e ressurreição de Cristo inscrever-se no tempo e, à história da Salvação, ritmar as nossas vidas. Deus apresenta-Se no ordinário da existência e cada um dos domingos é “um dia de festa primordial” (Sacrosanctum Concilium § 106). Cada domingo é dia de encontro de Deus e de acolhimento do inesperado do Seu Evangelho. Porque esta Boa Nova não é invenção humana. Paulo lembra-nos que não estamos na origem de tudo. Deus não é fruto da imaginação humana. Os homens em busca de um Salvador nunca teriam podido imaginá-lO tão vulnerável ao sofrimento humano, tão atento no mais profundo de Si-mesmo às nossas dores. Como o Samaritano do qual Lucas, alguns capítulos mais à frente, descreverá na atitude compadecida, ou como o pai misericordioso quando acolhe o filho, Jesus “compadeceu-Se” perante o sofrimento de uma mulher, de uma viúva, de uma mãe que chorava a morte do filho único. Jesus foi literalmente “movido no mais íntimo das Suas entranhas”. Ninguém inventava isto! Ainda que, apesar de tanto progresso, o mal, o sofrimento e a morte perdurem e não deixem de questionar o ser humano sobre o sentido da existência, “Deus não cessa de revelar com paciência que Ele é, primeiro e sobretudo, um Deus cujo coração bate com os pobres” – escreveu o cardeal Kasper -, “um Deus vulneravel ao sofrimento da Sua Criação inteira, à escuta dos seus gritos, movido por nós e connosco”. Sim! Nenhum homem poderia ter inventado isto. Somos convidados a reconhecer na Páscoa de Cristo e no regresso à vida deste jovem, a manifestação do amor de Deus. Este texto incita-nos a não escondermos os lugares da nossa vulnerabilidade e a não negarmos o nosso sofrimento em nome duma pseudo-perspectiva de fé. Não nos desencorajemos se os nossos primeiros passos forem titubeantes, lembremo-nos que Deus nos acompanha em todas as nossas peregrinações.
“Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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