QUARTA-FEIRA – 1/JUNHO/2016

JUN-01_SaoJustinoS. JUSTINO (100-65). Filósofo pagão convertido aos 30 anos ao cristianismo, abriu em Roma uma escola de catequistas. Defendia nos seus escritos a fé cristã. Decapitado na perseguição de Marco Aurélio.

2 Timóteo 1,1-3. 6-12 ; Sal 122, 1-2 ; Marcos 12,18-27

“O DEPÓSITO DA FÉ…” (1 Timót. 1,1-3.6-12) . No início do séc.II, nas igrejas da Ásia Menor, os discípulos de Paulo actualizam a mensagem. Surge um vocabulário novo: “A Aliança nova”(kainè diathèkè), que Paulo recebera de Jeremias e deu este nome ao Novo Testamento, deve agora ser transmitida às gerações futuras. O autor da segunda Carta a Timóteo fala do “belo depósito”, o depósito da fé e do amor. O vocábulo “depósito” (parathèkè) recorda a “aliança” (diathèkè) mas também refere que deve prolongar-se (para-), acompanhando uma cultura em plena evolução, num mundo novo que Paulo não podia imaginar. Cabe aos seus sucessores criarem expressões e fórmulas cristãs, que sejam fiéis aO Evangelho transmitido, e compreensíveis pelo seu tempo. “O nosso Salvador Jesus Cristo manifestou-Se: Ele destruiu a morte e fez resplandecer a vida e a imortalidade com o anúncio dO Evangelho”. Esta Boa Nova ressoa hoje, triunfo da vida eterna de que a Ressurreição dO Filho de Deus é a bítola ! Somos chamados a refluir para a nossa fonte. Isto é verdade quer para Timóteo que recebeu a imposição das mãos quer para todas as pessoas, casadas ou não. Uma certeza : somos irmãos e irmãs de Jesus porque somos filhos dO mesmo Pai. Este é o cimento da nossa comunhão, a beleza e a cruz das nossas divers as vocações… Estes laços nunca morrerão.

CONTABILIDADE ESPIRITUAL? (Marc. 12,18-27). Como é limitado o nosso olhar! Pretendemos olhar para a vida eterna da mesma forma com que examinamos a vida presente. Neste mundo vivemos apaixonadamente a contabilidade das nossas existências das nossas ações e gestos, das nossas palavras. A porta de entrada para a compreensão do mundo que nos cerca é, porém, extremamente redutora e impede-nos percepcionar o que é essencial. No evangelho de hoje, os saduceus pretendiam armar uma cilada a Jesus e apresentam-lhE uma situação hipotética em que a irrealidade do número de maridos duma mulher, sucessivamente viúva, só podia comparar-se à absurda falta de interesse que mostravam pela relação existencial que deve estar presente em qualquer casal. Reduzir assim a vida humana e os seus fundamentos a um problema de matemática é tão irrisório que Jesus nem lhes respondeu e colocou-Se imediatamente do lado da perspectiva da vida infinita, única que nos permite partilhar a condição ilimitada de Deus. No mundo dos ressuscitados, o que conta não é a soma dos indivíduos, mas a sua unidade perfeita em Deus, sem limitações nem qualquer exclusão. Tal forma de olhar faz-nos sair da mera lógica contabilística e aceder, já neste mundo, às coisas da fé.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.