IX DOMINGO DO TEMPO COMUM – 29/MAIO/2016

OCenturiaoBTO. JOSÉ GÉRARD (1831-1914). Batizado no dia dia do nascimento, este francês, filho primogénito dum casal de piedosos agricultores, entrou no Inst. Missionário dos Oblatos de Maria Imaculada já com estudos teológicos. Enviado como diácono para a África do Sul, foi ordenado padre e enviado a evangelizar os zulus do Lesoto. Inicialmente sem resultados, continuou perseverante durante 50 anos e os frutos surgiram. A sua profunda devoção mariana foi transmitida aos primeiros convertidos e hoje, no Lesoto, o dia da nação está dedicado a Maria. S. João-Paulo II, na beatificação em 1988, disse: “O segredo da sua santidade, a chave da sua alegria e amor às almas, residia no facto de andar sempre unido a Deus, fiel aos votos de castidade, pobreza e obediência…”

1 Reis 8, 41-43 ; Sal 116, 1. 2 ; Gálatas 1, 1-2. 6-10 ; Lucas 7, 1-10

“JESUS SENTIU ADMIRAÇÃO… ” ( Luc. 7,1-10). É notável a atitude de Jesus neste episódio. Desde logo por estar disposto a prestar um serviço importante a um oficial romano que ocupava o Seu país. Talvez o fizesse, mesmo que a embaixada e os argumentos dos anciãos por ele enviados tivessem sido inúteis para O convencer, porque Jesus nunca Se mostrava insensível às desgraças humanas. Em seguida, perante a insistência – por parte do Centurião – que poderia ser interpretada como uma moratória, Jesus não Se ofende, porque o oficial “não se apresentava como alguém importante”. Antes pelo contrário, Jesus reconheceu na confissão do Centurião uma formidável profissão de fé. Uma fé que não viera da família nem era fruto da sua cultura; despontara pouco a pouco naquela Terra Santa, “esculpida” no contacto com as Escrituras dO Povo Eleito, e que agora se manifestava ao reconhecer em Jesus O Enviado de Deus. “Senhor, eu não sou digno que entres na minha casa…” Portanto fé tituberante, que progride num coração recto: o oficial romano, enviara judeus em embaixada e reconhecia – apesar de ser um superior a quem obedeciam – a transcendência dO Senhor. Uma fé plena de amor : amor com temor – um dos dons dO Espírito – pelO Deus que ainda não conhecia bem; um amor de compaixão pelo seu escravo em sofrimento. Uma fé professada de maneira tão bela: “Diz uma só palavra…”, que a Igreja a põe nos nossos lábios em cada Eucaristia. Jesus – diz-nos O Evangelho – ficou“admirado”, mas o verbo grego significa na realidade, assombro. Como não poderia pois surgir a Jesus a “tentação” de procurar fora de Israel aquilo que não “encontrava em Israel”? Este “assombro” de Jesus dá-nos a medida do quanto lhE terá custado a Sua fidelidade à vocação pessoal: “Eu fui enviado sómente às ovelhas perdidas de Israel”. Será a outros – um pouco mais tarde – que a Providência reservará dizer aos Judeus: “Uma vez que não aceitais a Boa Nova, resta voltar-nos para os pagãos”. A missão pessoal de Jesus é portanto universal no seu significado mas limitada no terreno. Se isto era verdade para Jesus, que poderemos dizer de cada um de nós?

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.