DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Actos 1,1-11 ; Sal 46, 2-3. 6-9 ; Efésios 1,17-23 ; Lucas 24, 46-53
“ ELEVOU-SE AO CÉU À VISTA DELES… ” ( Act. 1,1-11) . No relato da Ascensão nos Actos dos Apóstolos, tal como em diversas passagens do Novo Testamento, há um certo desfasamento entre a atitude dos discípulos e os ensinamentos de Cristo. Cristo entrou noutra dimensão da existência, numa existência gloriosa à qual estamos prometidos. Dessa existência inacessível aos sentidos, só é possível falar por imagens. A imagem do céu, ou seja, daquilo que nos ultrapassa infinitamente. A imagem de homens vestidos de branco, resplandecentes(anjos), descidos ao nosso mundo manchado pelo pecado, a recordar-nos que continua a existir – que é possível – a inocência total para se poder ver O Deus da absoluta pureza. Neste relato é evidente a dissintonia entre a atitude dos discípulos e o ensino de Cristo. Até no momento da separação, quando Jesus dá as últimas instruções, os Apóstolos insistem em pôr a questão da instauração duma realeza em Israel. Ainda que isto nos cause alguma perplexidade, a Igreja quis conservar estas dissintonias e manter o conjunto integral das Escrituras que recebeu. Desde o ínício do chamamento por Jesus nas margens do lago até ao dia da Ascensão, os discípulos só muito parcialmente entenderam a missão que lhes era confiada e tiveram muita dificuldade para pôr em marcha o evangelho que deviam anunciar. Mas, quer na traição de Pedro, quer na disputa violenta entre Pedro e Paulo, quer na oposição de Paulo e Tiago, estas dissintonias foram conservadas, transmitidas e meditadas ao longo dos séculos pela Igreja. Em vez de as apagar piedosamente para – numa apresentação mais suave – se salvaguardar a novidade evangélica, os cristãos entenderam que as tensões internas das Escrituras, testemunham ainda com maior realismo, a força divina que não tem a sua origem em nós. Somos testemunhas dO Ressuscitado até nestes desvios e tensões. Só O Espírito Santo pode renovar a vida e inscrever decisivamente na história O Evangelho da misericórdia.
“ERGUENDO AS MÃOS, ELE ABENÇOOU-OS… ” ( Luc. 24,46-53) . No evangelho de Lucas, a última vez que os discípulos vêem Jesus vivo é quando Ele é entregue aos judeus. É no Livro dos Actos que, simbólicamente, Lucas fala dos 40 dias antes da Ascensão. Mas na tarde da ressurreição, Jesus aparece aos discípulos e diz-lhes: “Vós sois as testemunhas destas coisas…” Tinham arrancado Jesus à Sua missão. Hoje, é Ele a enviar-nos a proclamar a Sua ressurreição a todas as nações. Sem que haja sombra de tristeza no adeus. Jesus é arrebatado ao céu, abençoando os discípulos, e estes regressam a Jerusalém cheios de alegria. E mantinham-se no Templo bendizendo a Deus.
Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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