Isaías 60,1-6; Sal 71,2.7-8.10-13; Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12
O FILHO DE DEUS É PALAVRA. Nos presépios tradicionais, os magos vindos do Oriente são representados por três personagens, de idade e cultura diferentes. Á parte o seu aspecto algo exótico, estas 3 figuras têm um traço comum : trazem cofres. De ouro, de incenso, de mirra… Desde sempre, sabemos ser simbólica esta passagem da Escritura e estamos perante uma epifania, ou seja de uma revelação de Deus. É da própria natureza de Deus comunicar-Se. A Bíblia é testemunha da relação que Deus mantém com o Seu povo e a forma como, desde a criação, Ele procura dar-Se a conhecer. Este é sem dúvida o traço mais característico de Deus, o que O torna singular e único : Ele fala. O Seu Filho é a Sua Palavra, O Verbo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Deus veio juntar-Se à nossa vida. Ele nasceu um dia, em Belém, pequeno bébé, do ventre de uma mulher. Desta forma – na manhã da Páscoa – Deus apresentou-Se total e definitivamente. No Seu Espírito, Ele está vivo e não cessa de vir ao nosso encontro. Apenas, se os magos não O mostrarem, Ele passará despercebido. Os contemporâneos que procuram a verdade, o caminho e a vida, vêm muitas vezes de longe com os seus cofres : porque para revelar Deus é necessário ter um gesto de oferenda. A tradição sempre interpretou no ouro, incenso e mirra, oferecidos pelos magos, a identidade dO Filho de Deus. Jesus fez da Sua vida uma oferenda aO Pai. Os magos mudaram de caminho…
“SERÁ QUE SOMOS CAPAZES DE MUDAR DE CAMINHO? A nossa vida está demasiado cheia de instrumentos electrónicos de navegação, de motores de busca na Internet, de GPS. Mas quem nos fará decidir qual a direcção a tomar? Não serão os robots ultra-sofisticados que, se não houver cuidado, nos irão impor a sua lógica ? Não estarão os computadores ultra-rápidos e os programas cada vez mais complexos já a definir a nova ordem mundial? Na noite procuremos achar tempo para levantar a cabeça e olhar as estrelas que continuam a brilhar nos céus.. O futuro do homem nunca passará pelo seu sacrifício no altar das loucas formas de consumo ou na procura duma segurança absoluta. A vida descobre-se na fragilidade dum recém-nascido, na incerteza do amanhã, na pobreza do outro. E no desejo de se viver o próprio destino. Só abandonando as nossas seguranças será possivel receber-se uma nova “guia de marcha”, a guia da aventura do homem, a guia de Deus!” Daniel Duigou, sacerdote eremita no sul de Marrocos.
Selecção e síntese: Jorge Perloiro.
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