XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – 28/JUNHO/2015

A_SantoIreneuSTO. IRENEU DE LIÃO (130-202). Nascido em Esmirna (Turquia), foi discípulo de S.Policarpo. Foi ordenado sacerdote pelo bispo, mártir na perseguição de Marco Aurélio, S. Potin, ao qual sucedeu. Grande teólogo, defendia a coerência interna da fé. Escreveu 5 livros “Contra as heresias”, e a “Exposição da pregação apostólica”: “A Igreja, apesar de estar espalhada por todo o mundo, conserva com solicitude (a fé dos Apóstolos), como se habitasse numa só casa; ao mesmo tempo crê nestas verdades, como se tivesse uma só alma e um só coração; em plena sintonia com estas verdades proclama, ensina e transmite, como se tivesse uma só boca. As línguas do mundo são
diversas, mas o poder da tradição é único e é o mesmo: as Igrejas fundadas nas Alemanhas não receberam nem transmitiram uma fé diversa, nem as que foram fundadas nas Espanhas ou entre os Celtas ou nas regiões orientais ou no Egipto ou na Líbia ou no centro do mundo” (1, 10, 1-2). Escreve o papa Bento XVI: “Ireneu contestava o dualismo e o pessimismo gnóstico que diminuíam as realidades corpóreas. Ele reivindicava a santidade originária da matéria, do corpo, da carne, não menos que a do espírito”. Os calvinistas destruiram (1526) as suas relíquias.

Missa da Festa: Sabedoria 1 ,13-15; 2,23-24; Sal 29,2.4-6.11-12a.13b; 2 Cor. 8,7. 9.13-15 ; Marcos 5, 21 -43

À TARDE: SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Vigília de S. Pedro e S. Paulo: Actos 3,1-10 ; Sal 18,2-5; Gálatas 1,11-20; João 21,15-19

A GENEROSIDADE DE CRlSTO MOTIVA A NOSSA (2Cor.8, 7.9.13-15). Paulo mostra como a pessoa de Cristo e a Escritura vivificam o nosso quotidiano, iluminando decisões e ajudando-nos no discernimento das implicações espirituais dos gestos concretos. Assim, os Coríntios – no peditório para a Igreja de Jerusalém – são convidados a contemplar Cristo, que Se fez pobre por amor dos homens. Mas a contemplação, por si só, não basta para tornar as pessoas mais generosas. Há que iniciar-se uma ascese – trabalho constante sobre si – com a confiança dos Hebreus no deserto, aprendendo a não entesourar o maná de hoje, na certeza que nada irá faltar. Peçamos aO Espírito que nos ajude a interiorizar esta resposta de S.Paulo, para – ao ser confrontados com esta ou outras situações diferentes – sabermos recorrer a Cristo e à Escritura e podermos fazer as nossas escolhas de acordo com O Evangelho.

VOLTAR-NOS PARA AQUELE QUE TRAZ A SALVAÇÃO (Marcos 5, 21-43). As urgências de Jesus são numerosas. O seu ministério é uma resposta incessante aos apelos do homem. Ele reage às dificuldades das nossas vidas mas sobretudo à nossa confiança quando aceitamos entregar-nos às Suas mãos. Quando a humanidade sofre, individual ou colectivamente, quando a vida e a alegria já não circulam entre nós, Jesus responde sempre presente. Mas esta mulher hemorroíssa – com perdas de sangue há 12 anos- tinha todas as razões para não se aproximar de Jesus. A sua doença recorda-lhe regularmente a incapacidade que tem em gerar, e ela até pensa estar num estado de impureza permanente que a afasta dOTemplo e da oração. Para ela a vida está virada do avesso. Como sair de tal impasse ? Humanamente não há saída. Apenas lhe resta voltar-se para Aquele que traz a salvação. Neste dia, ela decide-se tocar Jesus no Seu manto. De Cristo, diz-nos Paulo, nós recebemos tudo, “a fé, a Palavra, o conhecimento de Deus, este ardor e este amor”. Mas d’Ele recebemos também a Salvação e a vida. Deus e o homem estão aliados contra a morte. Seguir Cristo, é portanto ver e desejar que a vida triunfe. Jesus pede aos discípulos que O acompanhem no Seu ministério de cura. As urgências de Jesus são hoje as nossas: restituir o sentido a uma vida que se perde, permitir a uma criança crescer, apaziguar um coração que sangra, aprender a debruçar-nos sobre um corpo que sofre no meio das nossas multidões. Deixar-se tocar e viver O evangelho.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.