DOMINGO DO SANTíSSlMO CORPO E SANGUE DE CRlSTO – 7/JUNHO/2015

A_CorpusChristiBTA. MARIA-TERESA DE SOUBIRAN (1834-89). “Piedade, Meu Deus, tem piedade de mim! Em Ti eu procuro refúgio, um refúgio à sombra das Tuas asas” (Salmo 57,1): é a súplica do salmista que Maria-Teresa deveria ter pronunciado muitas vezes nas suas orações. Nascida em Castelnaudary, ela tinha, após muitas dificuldades e renúncias, fundado uma Congregação religiosa colocada sob a protecção de Maria Auxiliadora. Na segunda metade do séc. XIX, muitos jovens rurais chegavam à cidade para trabalhar nas fábricas e oficinas. Isolados, desenraízados, ficavam expostos a numerosos perigos. Teresa de Soubiran pretendia ajudá-los acolhendo-os em lares animados pela ternura das suas religiosas. Várias destas “casas de família” nasceram com sucesso, primeiro em Toulouse, depois em Amiens, Lião, Bourges, Paris, Angers… A acção apostólica das “lrmãs de Maria Auxiliadora” alimentava-se numa vida espiritual intensa, baseada na tradição ignaciana e na adoração eucarística. A sua superiora e fundadora, estranha a toda a duplicidade, não deu conta da maquinação tramada pela ambiciosa assistente madre Maria-Francisca. Em Fev. 1874, esta intriguista acusou-a de levar a congregação à ruína com o seu orgulho e má gestão. A Madre Maria-Teresa de Soubiran foi forçada a demitir-se e a abandonar a obra que tinha fundado! “Abandonada por todos !”, “regeitada sem asilo”, que lhe restava num tão grande revés ? “Só me restava Deus, só Ele me consolava na maré de amargura em que todo o meu ser parecia estar submerso…” Após vários meses de angústia e incerteza, Maria-Teresa foi recebida no mosteiro Eudista de “Nª Senhora da Caridade”, em Paris. Esquecida e ignorada, ela viveu os últimos 15 anos da sua vida numa humildade extrema e num abandono sempre mais confiante no amor de Cristo. Dois anos depois da sua morte foi re-habilitada pela sua congregação.

Êxodo 24,3-8 ; Sal 115,12-18 ; Hebreus 9,11-15 ; Marcos 12-16. 22-26

FINALMENTE, A ALIANÇA SELADA (Êx.24,3;Heb.9-12). “Todas as palavras que O Senhor disse, nós as poremos em prática” (Êx.24,3). Todavia o sangue da Aliança de Moisés não bastará aos filhos de Israel para o fazerem… Será necessário que um filho de Israel, que seja O Filho único dO Pai, Se ofereça “Ele mesmo a Deus como uma vítima sem defeito” (Hebreus 9,14). Ele, Cristo-Jesus porá em prática ao longo de toda a Sua vida a vontade dO Pai. “O Meu alimento está em fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e de realizar a Sua obra” (João 4,34). Sobre a cruz realizou-se a oferenda de toda a Sua vida, de cada momento dela. “Ele entrou duma vez por todas no santuário, derramando o próprio sangue” (Hebreus 9,12). A Aliança está selada pelo homem. Eis a novidade. E ela está selada de maneira definitiva. Eis a eternidade. O corpo entregue e o sangue derramado da última refeição torna presente a oferenda definitiva que Jesus faz de Si mesmo aO Pai e que O Pai nos dá em comunhão. Então nós já não responderemos: “Todas as palavras que O Senhor disse, nós as poremos em prática”, e diremos antes: tudo o que O Senhor disse, Jesus o pôs em prática. Então, ao apresentarmos o gesto eucarístico que reune toda a oferenda da Sua vida – da Sua resposta aO Pai -, nós suplicaremos aO Pai que nos una a Jesus, para que, por Ele, com Ele e n’Ele, possamos também fazer a vontade dO Pai. “A eucaristia lança-nos no acto da oferenda de Jesus (…) Nós somos introduzidos na dinâmica da Sua oferta”, escreve Bento XVI em
“Deus Caritas est” (nº13). É impossível receber O corpo entregue e O sangue derramado, sem nos dispôrmos a fazer o que Deus quer.

Meditações Bíblicas”, Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.