IV DOMINGO DE PÁSCOA – 26/ABRIL/2015 DOMINGO DO BOM PASTOR

a_OBomPastorS. RAFAEL ARNÁIZ BARON (1911-1938). Este jovem espanhol, que vibrava com um amor intenso por Cristo, interrompeu os estudos para se tornar oblata nos Trapistas. Morreu de diabetes 4 anos mais tarde. Deixou escritos espirituais belíssimos. Canonizado em 2009.

STO. ANACLETO (séc. l). 3º Papa que sucedeu a Lino, num pontificado que durou doze anos, segundo a lista que nos deixou STO. lreneu. Foi martirizado na perseguição de Diocleciano.

Actos 4, 8-12 ; Sal 117,1. 8-9. 21-23. 26. 28cd-29 ; 1 João 3, 1-2 ; João 10,11-18

“EU TENHO AINDA OUTRAS OVELHAS (…) É NECESSÁRlO QUE EU AS CONDUZA…” (João 10,11-18). Tantos jovens, hoje, não conhecem Cristo porque nunca ouviram falar d’Ele ou têm d’Ele uma imagem deformada, caricatural, por os cristãos serem ridícularizados na sociedade. E todavia, quanta sede de verdade, de amor e de luz se descobre
quando vamos ao encontro destes “pobres” a quem falta o mais importante. Sim, diz-nos Jesus, “Eu tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a Minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor”. As periferias aonde o papa Francisco convida os cristãos a irem, não serão as deste mundo que ainda não escutou Cristo a falar-lhe, como um amigo que se dirige a outro amigo? Ele tem palavras de misericórdia e de vida, palavras de perdão e de esperança. Mas se nos calarmos, quem fará ouvir a Sua voz? De acordo com algumas análises sociológicas as sociedades humanas caracterizam-se pela dialéctica dono/escravo, que opõe opressores e oprimidos numa luta sem fim. De facto, o problema do poder exercido por um homem – ou grupo – sobre outros homens, é lastimável. Dominar, submeter os outros, crescer aos próprios olhos sem olhar a meios, alcançar poder, tem um fascínio permanente, a que poucos resistem. Na verdade, isso é a expressão mais concreta do orgulho que – depois da queda – marca em profundidade, de forma quase metafísica, o coração humano. Porém, o poder de Jesus tem outras características : fundamenta-se na humildade e não no orgulho e é um poder desejado não para a própria exaltação e grandeza, mas sim como força de serviço e de sacrifício de si próprio. S. Pedro (1Pedro 2, 23b-25) descreve assim o papel de Cristo, verdadeiro Pastor: “Ao ser maltratado, não ameaçava (…) foi pelas Suas chagas que fostes curados e que voltastes aO Pastor que guarda as vossas almas”. O Bom Pastor tem autoridade: Ele é O Senhor. A misteriosa e poderosa autoridade que Jesus tem sobre nós e da qual é O modelo, é a antítese perfeita da dialéctica dono/escravo do Mundo: é a autoridade do dono que se faz escravo, do poder que se transforma em“não-poder”; impotência radical -“kénose”, chamam–lhe os teólogos – respeito infinito diante do outro, na humildade e no amor que abre espaço para a sua liberdade se desenvolver e nutre o diálogo igualitário da amizade, em que cada um reconhece e respeita a voz do outro.

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama,  Edição Bayard, Paris). Selecção e síntese: Jorge Perloiro.