V DOMINGO DO TEMPO COMUM – 8/FEVEREIRO/2015

JesusEmOracaoS.TA JOSEFlNA BAKHITA (1947). Vendida como escrava em Cartum, ao consul da Itália no Sudão, trabalhou em sua casa como empregada livre e quis acompanhá-lo no seu regresso à Europa. Acabou por, em Veneza, entrar na Congregação das “Filhas da Caridade de STA. Madalena de Canossa”(Canossianas). Devido à sua caridade, os pobres tratavavam-na por “Madre Moretta (morena)”. Destacou-se pela piedade e amor a Cristo e à Eucaristia. Foi beatificada (1992) e canonizada (2000) pelo papa S. João-Paulo ll.

Job 7,1-4. 6-7 ; Sal 146,1-6 ; 1 Coríntios 9,16-19. 22-23 ; Marcos 1, 29-39

“MINHA VlDA É APENAS UM SOPRO…” (Job 7, 6-7). “A vida do homem na terra é um
rol de trabalhos” queixava-se Job, acabrunhado de desgraças. Atingindo por doença incurável e contagiosa -tipo lepra – refugiara-se num lugar que hoje chamaríamos de “lixeira municipal”, afastado das povoações e dos seres humanos, por razões sanitárias. Pode perguntar-se a que título o Livro de Job – consagrado ao sofrimento humano – figura na Bíblia, porque Job não é um profeta e não passa afinal de um homem que nem sempre é piedoso. Num primeiro tempo, O Livro apresenta um Job cumulado de todas as bençãos : feliz, saudável e rico. Tudo lhe corre bem, tem mulher, muitos filhos e sua única preocupação é que eles guardem a justiça. Mas, de repente, todas as desgraças do mundo caem sobre ele: perde tudo, riquezas, rebanhos e todos os filhos. Em seguida, o Livro divide-se como que em dois. Primeiro, descreve-se um Job admirável de resignação: “O Senhor mo deu, O Senhor mo tirou; que O Nome dO Senhor seja louvado !” (Job 1,21). Mas noutra parte, após perder a saúde, Job debate-se contra pensamentos contraditórios que o assaltam. Deixa mesmo de louvar O Nome dO Senhor. Dividido entre o desejo de continuar a ser fiel a Deus e a recusa visceral do sofrimento, grita a sua revolta e as suas dúvidas. Séculos mais tarde, Jesus há-de consagrar o Seu tempo a cuidar dos doentes e infelizes, dando razão a Job – modelo da esperança cristã – que o sofrimento é um mal a combater com todas as nossas forças.

“JESUS LEVANTOU-SE, AlNDA ESCURO, DE MADRUGADA…” (Marcos 1,29-39). Que dia tão cheio! Quantas actividades! Quanta gente Jesus encontra na sinagoga, na intimidade do quarto de uma doente, na sala de jantar, no patamar de entrada da casa! Mas o verdadeiro encontro situa-se “muito antes da madrugada”, naquele local deserto para onde Jesus Se retirou a orar : não para “recarregar baterias”, mas para esse verdadeiro repouso em que Ele manifesta a Sua comunhão interior com O Pai, fonte quer da Sua acção quer da Sua compaixão. Olhemos de relance para o nosso dia a dia. Quantas actividades, quantos encontros! E se nos interrogássemos sobre o que nos faz correr, sobre qual é o nosso verdadeiro desejo? Será que também sabemos retirar-nos para o mais profundo do nosso ser… bem antes da aurora?

Meditações Bíblicas”, tradução dos Irmãos Dominicanos da Abadia de Saint-Martin de Mondaye (Suplemento Panorama, Edição Bayard, Paris. Selecção e síntese: Jorge Perloiro.