Actos 16,1-10 ; Sal 99, 2. 3. 5 ; João 15,18-21
“ATRAVESSA O MAR E VEM AUXlLlAR-NOS” (Actos 16,1-10). O homem Macedónio, que na visão clama por socorro, simboliza ao mesmo tempo os futuros santos da jovem Igreja e Nero, que iluminará os jardins de Roma com os cristãos cobertos de pez, a arderem como archotes vivos. Jesus não é demagogo ; Ele não esconde aos discípulos as provações que os esperam. E, todavia, vão partir com alegria à conquista deste mundo ambíguo, sabendo que o seu sacrifício contribuirá para acender a grande luz que iluminará a noite de todos os homens.
“O MUNDO ODElA-VOS…” (Jo.15,18-21). Se dois mil anos de cristianismo não o confirmassem, quem daria crédito a esta afirmação? Esses homens, mulheres e até crianças, que darão a vida, o corpo e alma, serão perseguidos e até mortos por quem desejam salvar. “O mundo odeia-vos”. Mas de que mundo se trata? S. João, o contemplativo, intérprete de Jesus, não sabe fazer a distinção que os seus comentadores posteriormente farão. Ele não nos diz que há “mundo” e “mundo”: o mundo que recusa e o mundo que acolhe. Ele sabe que este mundo é feito de mudança, como todo o homem; que a distância entre o ódio e o amor é por vezes curta, e que um não é senão a“face contrária” do outro. É pequena a diferença entre o movimento para se olhar alguém nos olhos, vendo aí reflectido o rosto de Deus-Amor, e o de lhe virar as costas. Paulo, ao chegar à Europa, irá encontrar, tal como na Ásia, este mesmo combate entre a luz e as trevas.

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