III DOMINGO DA QUARESMA – 23/MARÇO/2014

III DOMINGO DA QUARESMA – 23/MARÇO/2014 DIA DA CÁRITAS

Directo, 11h: Angelus Domini

SantaRebecaSTA. REBECA (RAFKA) AR-RAYES (1832-1914). Há 100 anos morria esta religiosa maronita que, na sua união a Cristo, bebia as forças para aceitar os sofrimentos físicos que a marcaram duramente. A 7/Out./1885, festa de NªSª do Rosário, ela ofereceu-se para partilhar os sofrimentos de Cristo e, desde aí, a sua saúde deteriorou-se ficando nos últimos 30 anos progressivamente cega e paralizada. Vivia em contínua oração, ajudando o convento nos trabalhos que podia fazer. Venerada no seu sepulcro no Líbano pelos milagres que aí realiza. João Paulo ll canonizou-a em 2001.

Êxodo 17, 3-7 ; Sal 94,1-2. 6-9 ; Romanos 5,1-2. 5-8 ; João 4, 5-42

JesusEASamaritana“DÁ-ME DESSA ÁGUA…” (Jo.4,5-42). Se hoje a humanidade se confronta com um desafio global, esse desafio é a carência de água potável, que a ONU reconhece como um direito humano fundamental. Poder-se-ia, neste domingo, aderir plenamente às recriminizações do povo que tem sede, e escutar o eco dos queixumes de todos os povos sofredores, porque é grande a “sede do mundo”. A humanidade está dependente da solidariedade internacional. Neste tempo de Quaresma, as nossas ofertas contribuem para fazer crescer a solidariedade. Muito concretamente, poços serão construidos e programas de irrigação apoiados. É quando se morre de sede que se descobre o valor inestimável de um fio de água, tal como os Hebreus no deserto , ou a Samaritana na hora de preparar a refeição e lavar a cozinha. É nesses momentos, nada atreitos a considerações místi-cas, que O Senhor vem ao nosso encontro e diz : “Eu sou a água viva !”. Mas, para além das “obras da Quaresma” em que tenhamos participado, qual é a nossa conversão? Será que nos apercebemos do alcance da conversão que Jesus opera e à qual Ele nos convida ? Eu preciso beber e digo : “Sem água pura não consigo viver”. Pois bem !,essa água, que é a vida da casa, é também sinal da Água verdadeira da qual eu tenho sede, da qual todos temos sede, e – maraviha ! – sinal da Água viva que tem sede de mim, que tem sede de nós.
Sob o sol ardente do deserto a sede levou o povo judeu a desafiar Deus, a pô-lO á prova. Jesus pede humildemente de beber a uma mulher que vem carregar a água do poço. O povo estava desconfiado, mas Jesus ensina a confiança. “Dá-me de beber” já não é um desafio, é um convite para entrar numa relação que revoluciona a ordem das coisas. Aquele que pede de beber será fonte, aquela de quem todos os judeus desconfiavam será vector de confiança para os outros. Entrar na confiança, à semelhança de Jesus nos caminhos da Samaria, é acreditar que a fé e a caridade se interpelam. Para me saciar, Cristo tem necessidade da minha sede, sede do meu desejo, que é em mim sinal da Sua presença. Porque eu possuo, ou melhor, sou já possuído pela “nascente maravilhosa a jorrar vida eterna”, e, para o descobrir, não é necessário interromper tudo (a cozinha e o resto) e ir a correr para a igreja… É no deserto de areia e saibro da existência, no caminho por vezes hesitante, que me exige coisas aparentemente impossíveis, quando talvez nem tenha tempo nem gosto para rezar, é nessa secura da alma que a Fonte vai jorrar. “Então, Senhor dá-me dessa água !”. “Aumenta em mim a fé e, do rochedo que és, brotará um caudal de água viva !”.

Meditações Bíblicas”, trad. das Irmãs Dominicanas de Notre-Dame de Beaufort (Supl. Panorama, Ed. Bayard, Paris)