SEXTA-FEIRA – 14/MARÇO/2014
Ezequiel 18, 21-28 ; Sal 129,1-8 ; Mateus 5, 20-26
“DAS PROFUNDEZAS, EU CLAMO POR TI…”(Sal.129,1-8). A simples palavra “profundeza” projecta na nossa mente um turbilhão de imagens e situações. “De profundis” : do fundo do abismo. Quem é que hoje não teme os abismos, quem é que nunca aí caiu ou aí se debateu, talvez há pouco ou muito tempo ? O abismo é o “barranco”, o lugar em que tudo parece estar perdido ; o seu fundo é justamente quando nem sequer há mais fundo, apenas queda, pouco importa se rápida ou lenta, inexorável. O abismo é também o “desespero” de se sentir completamente só, é o “nada” que nos separa da vida. “Do fundo do abismo, clamo a Ti, Senhor”. É o momento de reconhecer essa voz : a voz do salmista que iniciou este salmo para que outros homens e mulheres o continuassem, linha após linha, palavra a palavra, com ele. Voz dO Verbo que já estava no coração do homem da antiguidade e no de hoje; voz dO Verbo no meu coração, a rezar a oração que não posso fazer só. Murmúrio dO Espírito, a gemer no fundo da nossa alma envolta nas trevas, a percorrer os abismos e a restabelecer a comunhão que julgávamos impossível.
PERMANECER VIGILANTES NO SENHOR (Eze.18,21-28). Ao falar duma responsabilidade individual e não apenas colectiva, Ezequiel marca um tempo de viragem. Que nos ensina ele? Por um lado, que a conversão é sempre possivel e Deus não esperar mais do que isso. Por outro, que a prática da justiça não está adquirida definitivamente – podemos sempre recair. A sentinela” dos textos de Ezequiel convida-nos à vigilância, à sadia “inquietação” que está nos antípodas do entorpecimento ou do contentamento hipócrita de si mesmo.

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