1ª SEXTA-FEIRA – 7/MARÇO/2014

1ª SEXTA-FEIRA – 7/MARÇO/2014

Isaías 58,1-9a ; Sal 50, 3-6a.18-19 ; Mateus 9,14-15

O SENTIDO DO JEJUM. Experimento sempre algum medo quando oiço os clamores de Isaías, a “voz que ressoa com o coração” por carregar a cólera dO Senhor. São gritos que derrubam os “falsos biombos” e, ao ouvi-los, encontro-me só num ambiente devastado, só comigo próprio e com as minhas vítimas, só com Deus a escrever o Seu libelo de acusação. Todavia, no tempo novo que Cristo trouxe, sei que a mensagem de Isaías não é de vingança destruidora, mas de amor que tudo renova ; é uma mensagem construtora da verdade e a verdade liberta. A realidade existencial é que sou pecador e cometos pecados. Isaías, com a força das suas palavras, obriga-me a um exame de consciência como nunca imaginaria e, graças à luz de Cristo, isso tem consequências na minha vida. A privação de alimento só tem sentido se permitir criar espaço ao Outro. Jejuar porque O Esposo está ausente significa que nenhum bem deste mundo pode preencher a Sua ausência. Jejuar para me abrir à partilha, à presença dos que estão famintos de considera-ção e reconhecê-los nas suas necessidades como meus semelhantes. Chegou o tempo de fazer cair as cadeias injustas que me impe-dem de aceder à profundeza dos meus desejos, de quebrar os jugos de escravidão das coisas sem importância que me prendem.

Meditações Bíblicas”, trad. das Irmãs Dominicanas de Notre-Dame de Beaufort (Supl. Panorama, Ed. Bayard, Paris)